Uma nova técnica está sendo utilizada no Brasil para a conservação de bens culturais, especialmente esculturas em madeira policromada. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN), o método utiliza radiação ionizante. Um exemplo da aplicação dessa técnica foi na recuperação da escultura de São Jerônimo, pertencente ao acervo do Museu do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
A escultura sacra, que estava deteriorada devido a ataques de insetos, apresentava danos consideráveis em sua estrutura interna e externa, com porosidade e buracos. O método de consolidação desenvolvido pela CNEN reduz a necessidade de reagentes químicos, com alta eficiência e sem gerar contaminação ambiental.
Antes de aplicar a técnica na escultura, foram realizados testes em laboratório para escolher a melhor composição de resinas. Dispositivos específicos foram desenvolvidos para a aplicação na escultura em tamanho real, com acompanhamento da restauradora. A peça, que apresentava risco de colapso, passou por análises físico-químicas avançadas antes da consolidação.
Além disso, a técnica pode ser aplicada em outras obras de arte que estão sofrendo degradação devido a insetos e micro-organismos. O IPEN/CNEN já aplicou essa técnica em mais de 50 mil objetos culturais, incluindo obras de grandes artistas brasileiros como Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Anita Malfatti e Tomie Ohtake.