Origem da borboleta amazônica a partir do cruzamento de duas espécies.

Origem da borboleta amazônica a partir do cruzamento de duas espécies.

Borboleta Amazônica Revelada como Espécie Híbrida

Um grupo de pesquisadores de vários países revelou que a borboleta Heliconius elevatus, da Amazônia, é uma espécie de origem híbrida. O achado, publicado este mês na revista Nature, dá razão a uma antiga desconfiança sobre algumas espécies de borboletas terem surgido da mistura entre outras.

Hibridização e Origem da Espécie

A espécie, descrita em 1901 pelo naturalista alemão Emil Nöldner, é fruto do cruzamento entre outras duas do mesmo gênero, H. pardalinus e H. melpomene. A hibridização aconteceu há cerca de 180 mil anos, segundo as análises genéticas. As três espécies estão espalhadas por toda a extensão da floresta amazônica.

Impacto Genético e Aparência da Borboleta

Mas essa pequena proporção tem impacto na aparência. Os pesquisadores, liderados por dois evolucionistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos – o britânico Neil Rosser e o português Fernando Seixas –, descobriram que esses genes herdados de H. melpomene são justamente os responsáveis por conferir o desenho e cores nas asas de H. elevatus, cuja semelhança com o padrão da espécie parental é suficiente para afastar aves predadoras.

Comprovação Científica e Estudos Anteriores

A hipótese da hibridização, apenas agora sustentada pela genética, não é nova. “Nesse grupo de borboletas é bem fácil observar os desenhos nas asas, então muitos desconfiavam de hibridização na comparação só com o olhar, apesar de não terem acesso às tecnologias que temos hoje”, conta Freitas. Segundo o biólogo, a sobreposição de cores e padrões levou o naturalista norte-americano Keith Brown, professor aposentado da Unicamp, a desconfiar nos anos 1970 que esse tipo de especiação poderia explicar a origem de espécies como H. elevatus, além de outras do mesmo gênero, como H. heurippa e H. hermathena.

Projeto de Compreensão da Espécie

O estudo publicado agora é parte de um projeto maior que busca compreender múltiplos aspectos de borboletas do gênero Heliconius, incluindo distribuição genética e biogeográfica. Os dados vieram de uma expedição à Amazônia que percorreu cerca de 900 quilômetros na direção sul-norte, indo de Manaus a Boa Vista, ao longo da rodovia que corta a floresta ligando as duas capitais. Os três meses de coleta de espécimes e informações continuam a render resultados e artigos sobre essas espécies.