Estudo Identifica Biomarcadores Que Poderão Auxiliar No Diagnóstico Da Bipolaridade Depressiva

Na prática clínica, é um desafio diferenciar a depressão no transtorno bipolar da depressão unipolar, já que os sintomas depressivos estão presentes em ambos os transtornos. A fim de auxiliar no diagnóstico clínico, pesquisadores têm buscado biomarcadores.

Um estudo brasileiro divulgado na revista Psychiatry Research representa um avanço nesse sentido. Realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o estudo descreve um conjunto de biomarcadores sanguíneos relacionados ao mecanismo de edição de moléculas de RNA, os quais possibilitaram discriminar com precisão pacientes com transtorno bipolar ou com depressão. Os resultados abrem caminho para o desenvolvimento de um exame de sangue que poderia apoiar o diagnóstico clínico.

Esse trabalho é fruto de uma parceria com cientistas franceses associados ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e com a empresa Alcediag. O grupo da Unifesp conta com o apoio da FAPESP por meio de seis projetos.

A pesquisa se concentrou na edição de RNA, um processo no qual ocorrem modificações na estrutura da molécula de RNA durante a transcrição do gene e a produção de proteínas. Por meio da bioinformática, é possível mapear essas modificações nas sequências de RNA do paciente, resultando em um conjunto de biomarcadores capazes de diferenciar pacientes com transtorno bipolar daqueles com depressão.

Esses biomarcadores recentemente identificados foram validados em pacientes com transtorno bipolar depressivo e eutímico. Embora mais de oito alvos tenham sido identificados, oito deles foram destacados no artigo como os que oferecem a melhor resposta para o diagnóstico.

Essa descoberta representa uma nova possibilidade para o diagnóstico e tratamento de transtornos psiquiátricos no futuro, uma vez que a edição de RNA desempenha um papel crucial na regulação do sistema imunológico e da resposta inflamatória.