Cientistas brasileiros querem usar CRISPR para evitar avanço da doença de Chagas Os cientistas brasileiros estão interessados em utilizar a técnica de edição genética CRISPR para impedir a propagação da doença de Chagas. Esta abordagem inovadora promete ser uma solução eficaz no combate a esta doença que afeta milhares de pessoas em todo o país. Com a ajuda da CRISPR, os pesquisadores esperam encontrar uma maneira de controlar a disseminação do parasita responsável pela doença, melhorando assim a qualidade de vida e a saúde da população.

O bicho barbeiro, vetor da doença de Chagas, tem sido o alvo principal para controlar a disseminação da condição. Além dos métodos tradicionais, como o uso de inseticidas e repelentes, pesquisadores acreditam que a edição genética com o método CRISPR pode facilitar o combate ao inseto.

Uma equipe de cientistas do INCT-EM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular) dedicou os últimos anos buscando maneiras de realizar essa edição genética. De acordo com um novo estudo publicado na revista The CRISPR Journal, os pesquisadores demonstraram que é possível fazer alterações genéticas no vetor da doença de Chagas, mesmo que as mudanças testadas não tenham como objetivo principal o combate ao inseto por enquanto.

Para reconhecer a edição gênica, os cientistas brasileiros identificaram genes que, quando alterados, provocam mudanças visuais notáveis no bicho barbeiro. Esse processo foi longo e publicado em diversos artigos ao longo dos anos de pesquisa. Apesar das dificuldades em implementar o método CRISPR no inseto, os cientistas brasileiros contaram com a colaboração de Jason Rasgon, da Universidade da Pensilvânia.

Colaborações internacionais foram essenciais no estudo, como a ferramenta Transdução de Ovário Mediada por Receptor de Carga (ReMOT Control) desenvolvida por Rasgon. No teste do método em bichos barbeiros, conseguiram alterar os genes associados à cor dos olhos e da cutícula. Com a ajuda de outros pesquisadores internacionais, foram obtidas alterações desejadas em alguns dos bichos testados.

O avanço possibilita que a comunidade científica comece a discutir a edição genética com CRISPR para o controle da doença de Chagas. Com mais de 100 espécies do bicho barbeiro infectadas pelo Trypanosoma cruzi, o estudo recente pode permitir alterações genéticas para inibir a infecção pelo protozoário Rhodnius prolixus.