Desde o final de abril, várias regiões do Brasil têm enfrentado eventos climáticos extremos e opostos entre si. Enquanto o Sul, principalmente o Rio Grande do Sul, sofre com níveis muito altos de chuva e a consequente inundação de mais de 300 municípios, o Sudeste e o Centro-Oeste passam por uma longa onda de calor que reduziu a umidade relativa do ar. Especialistas explicam que esses dois problemas estão relacionados a um mesmo fenômeno climático: o bloqueio atmosférico persistente.
O bloqueio atmosférico persistente é um sistema de alta pressão que se forma na troposfera, camada inferior da atmosfera terrestre, fazendo com que o ar se mova de cima para baixo, impedindo o avanço da umidade e dificultando a formação de nuvens e, consequentemente, de chuva.
Enquanto o bloqueio atmosférico persiste no Sudeste e Centro-Oeste, as regiões enfrentam uma onda de calor que deve durar até, pelo menos, o dia 10 de maio. Isso fez com que as temperaturas subissem mesmo durante o outono, estação que costuma ter temperaturas mais amenas.
Por outro lado, as chuvas que atingem a região Sul ficam retidas nessa região devido ao bloqueio atmosférico, sem conseguir se deslocar para outros estados.
Os bloqueios atmosféricos se formam pela circulação de ar nas latitudes médias e geralmente ocorrem quando há uma interrupção nos Jatos de Altos Níveis, ocasionando o bloqueio de frentes frias, ciclones e anticiclones. Isso gera alterações nos padrões de chuva e temperatura, causando secas em algumas regiões e inundações em outras.
Apesar de o bloqueio atmosférico ser o responsável pela onda de calor e pelas inundações durante o outono, especialistas ressaltam o papel das mudanças climáticas, que intensificam e aumentam a frequência de eventos climáticos extremos, como secas, ondas de calor e inundações.
De acordo com previsões da Climatempo, a situação deve persistir até o dia 14 de maio, com dias ensolarados e calor acima do normal para a época no Centro-Oeste e Sudeste. O alerta é para a baixa umidade do ar em algumas regiões. Na quarta-feira, um ciclone extratropical se deslocará, podendo trazer chuvas volumosas para algumas áreas do Rio Grande do Sul. A população deve ficar atenta aos alertas das autoridades locais para áreas de risco.