Drones mapeiam conflitos territoriais e são eficientes para gestão da pesca artesanal

O uso de drones no mapeamento da pesca artesanal é uma opção promissora para o monitoramento de disputas territoriais nas áreas onde a atividade é realizada. Essa técnica também auxilia na vigilância da origem do pescado, o que pode proporcionar mais segurança aos consumidores. Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) destacaram esses benefícios em um artigo publicado na revista “Ciência Rural” recentemente.

O estudo identificou zonas de pesca utilizadas por comunidades tradicionais na região de Itaguaí, no sul do estado do Rio de Janeiro, e apontou aspectos do zoneamento urbano residencial e industrial. As empresas de mineração, que operam próximas às áreas de pesca, são as principais ocupantes desses territórios, o que torna relevante o uso de drones para avaliar o impacto dessas atividades.

Quatro localidades foram abrangidas na pesquisa: Ilha da Madeira, Vila Geny, Coroa Grande e Ponte Preta, todas localizadas na Baía de Sepetiba. O mapeamento aéreo foi realizado entre setembro e novembro de 2017 com o uso de drones Phantom 3 Professional. Cada área de pesca mapeada foi processada para gerar um mapa fotográfico denominado ortomosaico.

Segundo Kátia Mendes, nutricionista e autora do artigo, a presença das empresas de mineração compromete tanto a segurança do pescado quanto a dos pescadores, devido à proximidade que essas organizações têm com a atividade pesqueira. A pesquisadora destaca que conflitos violentos entre pescadores e empresas são comuns, podendo resultar até em mortes.

Além do monitoramento da atividade pesqueira, é possível rastrear o pescado capturado e garantir sua origem e qualidade por meio das informações coletadas com os drones. Também é uma forma de fiscalização das embarcações que atuam na região de forma irregular, prejudicando o ambiente e a subsistência das comunidades pesqueiras. Porém, os desafios para implementar essa técnica incluem custos, processamento de dados complexos e falta de pessoal capacitado.

Em suma, o uso de drones no monitoramento da pesca artesanal é uma solução viável, porém é necessário superar desafios técnicos e políticos para sua efetiva implementação e garantir a proteção das comunidades envolvidas.