O Brasil pode ter até metade das crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade ou sobrepeso em 2035. O aumento contínuo da incidência dessa condição entre os jovens no país será de 1,8% entre 2020 e 2035. Esse número é resultado dos dados apresentados pelo Atlas Mundial da Obesidade 2024.
A endocrinologista infantil do departamento de Pediatria da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), Louise Cominato, destaca que esse crescimento está relacionado a uma mudança no estilo de vida dos brasileiros. Portanto, os tratamentos recomendados devem abordar inicialmente esses aspectos, como a redução do consumo de comida processada, aumento da ingestão de alimentos naturais e prática de atividade física.
Quando os tratamentos clínicos não apresentam os resultados desejados, a cirurgia bariátrica pode ser considerada como opção. Essa cirurgia, também conhecida como cirurgia de redução do estômago, altera o formato do órgão, reduzindo sua capacidade de alimentos.
No Brasil, os critérios para indicação da cirurgia bariátrica em adolescentes são mais rígidos que para adultos, com base no Índice de Massa Corporal (IMC) e presença de comorbidades. A idade também é um fator crucial, sendo recomendada a cirurgia entre os 16 e 18 anos, de acordo com as diretrizes médicas.
Existem diversas técnicas para a cirurgia bariátrica, sendo a Gastrectomia Vertical a mais recomendada para adolescentes, por interferir menos na absorção de nutrientes. Em casos excepcionais, a cirurgia bariátrica pode ser realizada antes dos 16 anos, desde que haja uma equipe multidisciplinar e um centro médico de excelência.
Há alternativas antes da cirurgia bariátrica, como o uso de medicamentos e estratégias que envolvem os médicos e os pais das crianças para evitar o procedimento. O aleitamento materno, alimentação adequada e políticas públicas que promovam hábitos saudáveis podem ser eficazes na prevenção da obesidade infantil e adolescente.
