A ciência já tinha conhecimento sobre o nervo vago, uma rede de fibras nervosas que conecta o corpo ao cérebro, sendo essencial para o funcionamento do sistema imunológico. Em um novo estudo publicado na revista Nature, foi demonstrado por cientistas que existem neurônios específicos no tronco cerebral que controlam a resposta imunológica, em particular os níveis de inflamação.
Segundo a pesquisa, o cérebro mantém um equilíbrio delicado entre os sinais moleculares que estimulam a inflamação e aqueles que a reduzem. Os neurônios recém-descobertos são fundamentais para esse equilíbrio.
No estudo, imunologistas injetaram bactérias que causam inflamação na barriga de ratos de laboratório. Em seguida, monitoraram a atividade das células cerebrais e identificaram neurônios no tronco cerebral que se ativaram em resposta aos estímulos imunológicos, controlando a inflamação.
Para testar o controle desses neurônios sobre o sistema imunológico, foram realizados dois experimentos. No primeiro, ativaram essas células com um medicamento, o que levou à redução dos níveis de moléculas inflamatórias no sangue dos ratos. Mais tarde, silenciaram os neurônios do tronco cerebral, resultando em uma resposta imunológica descontrolada. Isso levou a um aumento de 300% no número de moléculas inflamatórias em comparação com os ratos que tinham essas células funcionais.
Em geral, o sistema imunológico identifica agentes invasores e libera células e compostos imunológicos para combater a inflamação. No entanto, a resposta inflamatória deve ser precisa, pois uma resposta fraca pode levar a infecções, enquanto uma resposta excessiva pode danificar células saudáveis do corpo.
Existem dois grupos de células no nervo vago que enviam sinais para o cérebro: um responde a moléculas pró-inflamatórias e outro a moléculas anti-inflamatórias. Essas células nervosas atuam regulando a resposta inflamatória para mantê-la nos níveis adequados.
Por meio de testes em ratos com inflamação excessiva, foi observado que ativar artificialmente os neurônios vagais anti-inflamatórios reduziu a resposta inflamatória. Com isso, os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de tratamentos para diversas condições, como doenças autoimunes e a Covid longa.
