Sensação de ardência ao urinar, constante sensação de bexiga cheia e dor abdominal são sintomas da infecção urinária, que afeta principalmente as mulheres e pode ocorrer de forma recorrente. Com o intuito de reduzir o uso de antibióticos, cientistas desenvolveram uma vacina contra infecção urinária, com potencial para combater o problema.
Chamada MV140 e apresentada durante o 6º Congresso da Associação Europeia de Urologia em Paris, a vacina obteve resultados positivos em ensaios controlados, prevenindo infecções urinárias recorrentes nos participantes do estudo por até nove anos.
Em média, entre 40-60% das mulheres sofrem de pelo menos uma infecção urinária ao longo da vida, causada pela invasão de bactérias na uretra, bexiga ou rins. Cerca de 20% dessas mulheres enfrentam o problema recorrentemente, duas a três vezes por ano.
O uso excessivo de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de resistência microbiana. Portanto, a vacina contra a infecção urinária poderá melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas e prevenir problemas mais graves no futuro.
A vacina MV140 contém quatro espécies de bactérias inativadas que comumente causam infecção urinária. A aplicação não é injetável, sendo feita oralmente, por meio de gotas diárias com sabor de abacaxi sobre a língua, durante três meses. Dessa forma, o organismo reconhece as bactérias e aprende a combatê-las, evitando a recorrência da infecção.
Desde 2014, os pesquisadores testam a vacina, acompanhando 89 pessoas vacinadas. Metade delas não apresentou infecção urinária por até nove anos, sem efeitos colaterais a longo prazo. Ainda assim, é necessário realizar novos ensaios clínicos, uma vez que a amostra do estudo é pequena e os resultados ainda não foram revisados por outros cientistas.
Os cientistas pretendem realizar testes da vacina em casos mais complexos de infecção urinária, o que indica que ainda há um longo caminho a percorrer antes da possível comercialização do método.
