Um grupo de pesquisadores de mais de dez países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, está realizando simulações do clima passado e futuro na América do Sul com uma resolução sem precedentes. O objetivo é desenvolver um modelo computacional que represente com maior precisão os processos hidroclimáticos da região, auxiliando os tomadores de decisão na implementação de medidas mais eficazes de adaptação aos impactos das mudanças climáticas.
Durante a FAPESP Week Illinois, realizada na semana passada em Chicago, a pesquisadora Francina Dominguez explicou que o clima na América do Sul está sofrendo alterações, com secas acentuadas em diferentes regiões. Essas mudanças têm impactado negativamente na agricultura, no abastecimento de água e na geração de energia, afetando milhões de pessoas em áreas urbanas como São Paulo, Rio de Janeiro e Santiago.
Além disso, as geleiras andinas, importantes fontes de água, perderam extensões significativas, enquanto o sudeste da América do Sul enfrenta um aumento nas chuvas anuais e na intensidade das precipitações desde o início do século XX.
Para melhorar a compreensão desses fenômenos, os pesquisadores realizaram simulações computacionais com um modelo de pesquisa e previsão do tempo com alta resolução. O objetivo é validar o modelo com simulações históricas e entender melhor as características hidroclimáticas da região, além de avaliar as mudanças esperadas sob um clima mais quente.
No entanto, os modelos atuais de sistema terrestre enfrentam limitações computacionais, atingindo apenas uma pequena fração da capacidade máxima dos supercomputadores. Por isso, estão sendo discutidas formas de avançar na capacidade computacional para rodar os modelos em altíssimas resoluções globais.
Essa pesquisa envolve mais de cem cientistas e é um esforço conjunto com foco na América do Sul. Espera-se que os resultados destas simulações contribuam para a compreensão e previsão mais precisa das mudanças climáticas no continente.
