O Pix abriu possibilidades para novas formas de lidar não apenas com dinheiro, mas também com relacionamentos. Durante o ano de 2023, os brasileiros realizaram cerca de 35,3 milhões de transferências via Pix de um centavo (R$ 0,01) de acordo com dados do Banco Central. Essas transações foram feitas por diversos motivos, incluindo mensagens pessoais com flertes, paqueras e até pedidos de casamento.
A transferência de um centavo via Pix possibilita ultrapassar os limites de um relacionamento. Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, a estudante de direito Karolayne Costa, de 25 anos, contou que utilizou esse método para se comunicar com o ex-namorado que a havia bloqueado nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Karolayne afirmou ter feito transferências de centavos mais de uma vez, com pessoas distintas. Em outra situação, ela mesma tinha bloqueado um rapaz nas redes sociais e ele conseguiu se comunicar através de uma mensagem via Pix. Em resposta, a estudante devolveu o valor, acompanhado de uma mensagem.
Embora o envio de mensagens através do Pix seja uma prática antiga, em 2021 um usuário postou no antigo Twitter o comprovante de uma transferência de R$ 0,01 pedindo a namorada em casamento.
Apesar de parecer uma atitude inofensiva e engraçada, as transferências pelo Pix também podem ocasionar graves problemas. Em um caso relatado, a Polícia Civil do Ceará prendeu um idoso de 67 anos por importunar a ex-namorada através de mensagens anexadas aos envios de R$ 0,01.
Além de mensagens íntimas, o Pix também pode ser utilizado como um alerta. A analista financeira Camila Costa recebeu diversas transferências de R$ 0,01 em fevereiro de 2022, o que a alertou para uma situação inesperada.
Desde o início do funcionamento do Pix em 2020, as transações de R$ 0,01 já ocorreram mais de 70 milhões de vezes, movimentando mais de R$ 700 mil na economia brasileira durante quatro anos. A tendência é que essas transferências aumentem nos próximos anos.
Atualmente, não há restrição de valor para enviar um Pix, bastando ter a chave Pix do destinatário. O Banco Central não planeja limitar as transações de baixo valor, mas apenas os prestadores de serviços de pagamentos podem criar limites para o conteúdo das mensagens.
O Pix se tornou a principal forma de transferência financeira no Brasil, levando os bancos a aposentarem as tradicionais transferências via DOC. Para tornar o serviço mais completo, o BC pretende adicionar novas modalidades, como o BolePix, Pix automático e o parcelado.