O Pix abriu caminho para novas formas de lidar não apenas com dinheiro, mas também com relacionamentos. Durante o ano passado, os brasileiros realizaram 35,3 milhões de transferências de um centavo via Pix, conforme dados do Banco Central. Essas transações foram feitas por motivos diversos, incluindo mensagens pessoais com flertes, paqueras e até pedidos de casamento.
Utilizando o Pix de um centavo, é possível ultrapassar os limites de um relacionamento. Em uma entrevista à Folha de S.Paulo, a estudante de direito Karolayne Costa, de 25 anos, relatou ter utilizado essa estratégia para se comunicar com o ex-namorado que a havia bloqueado nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Karolyne mencionou que realizou transferências de centavos para diferentes pessoas em diversas ocasiões. Em outra circunstância, ela bloqueou um rapaz nas redes sociais, e ele a contatou através de mensagem via Pix. Em resposta, a estudante devolveu o valor recebido, acompanhado de uma mensagem.
Embora o envio de mensagens via Pix possa parecer inofensivo e até engraçado, essa prática pode gerar problemas graves. Em um caso ocorrido em Fortaleza, a Polícia Civil prendeu um idoso de 67 anos por importunar a ex-namorada através de mensagens anexadas às transferências de um centavo.
Como reportado pelo G1, o homem enviava Pix de um centavo com mensagens como “estou com saudades” ou “retire o processo”. Sem a opção de bloquear a transação, a mulher teve que recorrer à delegacia e solicitar medidas protetivas.
Além de mensagens íntimas, o Pix também serviu como alerta. Em um relato ao Giz Brasil, a analista financeira Camila Costa, de 33 anos, revelou ter recebido diversas transferências de um centavo em fevereiro de 2022. Após perceber as notificações excessivas, Camila descobriu que se tratava de um engano e devolveu o valor recebido às destinatárias.
Desde o início da operação do Pix em 2020, as transações de um centavo já ocorreram mais de 70 milhões de vezes, movimentando mais de R$ 700 mil na economia brasileira em quatro anos. A expectativa é que o número de transferências aumente ainda mais nos próximos anos.
Atualmente, não há restrições de valor para enviar um Pix, tornando-o uma forma simples e versátil de transferência. O Banco Central não planeja limitar as transações de baixo valor, mas apenas os prestadores de serviços de pagamento podem estabelecer limites para o conteúdo das mensagens.
O Pix se consolidou como a principal forma de transferência financeira no Brasil, levando os bancos a aposentarem as tradicionais transferências via DOC. Para o futuro, o BC pretende adicionar novas modalidades ao Pix, como o BolePix, Pix automático e o parcelado, a fim de tornar o serviço ainda mais completo.