O Tech Transparency Project (TTP), responsável por monitorar as atividades das grandes empresas de tecnologia, descobriu que o X (antigo Twitter) vendeu contas verificadas para grupos terroristas e pessoas banidas nos Estados Unidos. De acordo com o grupo, perfis ligados ao Hezbollah obtiveram benefícios exclusivos de assinantes Premium da rede social, como maior alcance nas publicações.
Em um relatório do TTP publicado na última quarta-feira, a organização identificou 28 perfis que conseguiram o selo azul por meio do serviço de verificação paga controlado pelo proprietário do X, o bilionário Elon Musk.
Quando o X era Twitter, apenas os perfis verificados pela própria rede social recebiam o selo azul. Entre as contas selecionadas estavam figuras públicas, como celebridades, políticos, jornalistas e grandes empresários.
Após adquirir a plataforma, Musk removeu os selos azuis e passou a cobrar por eles como parte do plano Premium. Ao pagar R$ 84 por mês, qualquer usuário pode se tornar verificado e obter recursos exclusivos, como edição de postagens, publicação de vídeos longos e maior alcance de conteúdo.
Existem, no entanto, restrições que proíbem a compra do plano Premium do X. As regras da rede social, disponíveis publicamente, afirmam que não é possível adquirir o serviço se a pessoa estiver sujeita a sanções dos EUA ou outras leis de conformidade comercial.
Mesmo com essa regra em vigor, o TTP encontrou diversos perfis verificados que não deveriam poder pagar pelo plano Premium. Algumas dessas pessoas são líderes do Hezbollah, a agência de notícias estatal iraniana Press TV, Al-Saadi Kadafi (filho de Muamar Kadafi) e Ansar Allah (os Houthis).
Essas entidades são sancionadas pelos EUA e, portanto, não deveriam ter acesso ao plano Premium do X. A Press TV, por exemplo, possuía o selo dourado de “organização verificada”, que custava cerca de US$ 1 mil na época da pesquisa do TTP, de acordo com o The Verge.
De acordo com o TTP, a maioria das contas recebeu a verificação depois que Musk assumiu a rede social e começou a exigir o pagamento pelo selo. No entanto, dez delas estavam pagando para manter as marcas de verificação antigas que haviam recebido anteriormente no Twitter.
Após a divulgação do relatório, o X removeu os selos dos 28 perfis, sem fazer comentários públicos sobre o assunto.