Crianças e adolescentes que utilizam celulares, videogames e televisão durante a noite tendem a consumir menos alimentos saudáveis nas refeições noturnas. Em vez de frutas, legumes e verduras, a dieta desses jovens pode incluir mais alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, como doces, hambúrgueres e pizza. Essa conclusão foi apresentada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em um artigo publicado na Revista de Nutrição.
De acordo com o estudo, aqueles que utilizam até um dispositivo costumam consumir menos frutas, legumes e verduras; o uso de até dois dispositivos está relacionado a uma maior ingestão de doces, enquanto o uso de três ou mais dispositivos está associado ao consumo de mais alimentos ultraprocessados e lanches.
A pesquisa envolveu 1.396 alunos entre 7 e 14 anos, com e sem sobrepeso, de 19 escolas públicas e 11 instituições particulares em diferentes regiões de Florianópolis. Os hábitos alimentares desses estudantes foram coletados por meio de questionários aplicados virtualmente entre 2018 e 2019, como parte de um estudo sobre a prevalência da obesidade nessa faixa etária.
Realizado desde 2002, o estudo na capital catarinense acompanha o sobrepeso e a obesidade entre crianças e adolescentes, buscando compreender os fatores associados a esses problemas. Edições anteriores já indicaram um aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade nesse público.
O uso de telas é apontado como um fator que contribui para o ganho de peso, podendo ser modificado. A pesquisadora Patricia Hinnig destaca a necessidade de orientação sobre o uso de telas e uma alimentação saudável, ressaltando a importância de ações educativas tanto nas escolas quanto nas famílias.
A próxima edição do estudo está prevista para 2025 e será a primeira desde a pandemia de Covid-19. Isso possibilitará avaliar o impacto da pandemia no comportamento alimentar e na obesidade entre os estudantes, analisando as tendências ao longo do tempo.