Instituições científicas e de ensino superior do Brasil estão começando a elaborar recomendações para o uso de inteligência artificial (IA), especialmente a generativa, no ensino, pesquisa e extensão. A popularização de softwares como o ChatGPT, capazes de produzir texto, imagens e dados, está levantando questionamentos sobre limites éticos no emprego dessas tecnologias, principalmente na escrita acadêmica. Professores têm buscado novas maneiras de avaliar os trabalhos dos alunos, tentando evitar os riscos do uso indevido da IA. Em geral, as orientações pedem que o uso seja transparente e alertam para os perigos de violar direitos autorais, cometer plágio, disseminar desinformação e reproduzir vieses discriminatórios que essas ferramentas podem gerar.
Recentemente, o centro universitário Senai Cimatec, na Bahia, publicou um guia para orientar sua comunidade acadêmica sobre o uso da IA generativa. O guia estabelece três princípios: transparência; preservação do controle humano sobre as informações geradas pela IA; e zelo pela privacidade dos dados, especialmente em atividades que envolvam parcerias com empresas para o desenvolvimento de tecnologias. Também destaca a necessidade de descrever os comandos e informações originais geradas pela IA na metodologia dos trabalhos acadêmicos.
Outras instituições brasileiras estão seguindo essa mesma direção, procurando criar orientações para o uso responsável dessas ferramentas. Recomenda-se que a universidade invista em cursos de letramento em IA para professores, pesquisadores, funcionários e alunos. As orientações abrangem áreas como ensino, pesquisa, extensão e administração, com o objetivo de garantir transparência no uso da IA, proteção de dados, combate à desinformação e aos vieses discriminatórios.
Além das universidades, editoras científicas renomadas estão divulgando diretrizes sobre o uso de IA generativa. As normas geralmente exigem que a IA não seja considerada autora do trabalho e que seu uso seja documentado na seção de métodos do manuscrito. No Brasil, a biblioteca SciELO lançou um guia de uso de ferramentas de IA em que determina que a IA não pode ser considerada autora do trabalho e exige a declaração quando a ferramenta for usada.
O uso de IA na pesquisa científica já está em curso, e instituições do Brasil estão se adaptando às novas possibilidades que essas tecnologias oferecem. A preocupação com ética, transparência e responsabilidade é fundamental para garantir o avanço adequado no emprego da inteligência artificial no meio acadêmico.