Um sensor criado por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Federal de Viçosa (UFV) pode simplificar a vida de pacientes que precisam monitorar regularmente biomarcadores na urina, como aqueles que sofrem de gota e precisam controlar os níveis de ácido úrico. Este dispositivo é capaz de fornecer informações de forma rápida e prática em casa, bastando conectá-lo ao smartphone.
Com um custo de produção inferior a R$ 0,50, o sensor contém uma tira flexível com eletrodos que, quando conectada a um analisador portátil, mede uma variedade de biomarcadores moleculares em três minutos, após receber gotas de urina sem a necessidade de passar por etapas de pré-tratamento. A análise é exibida em um dispositivo móvel (smartphone, laptop ou tablet) através de comunicação sem fio (bluetooth).
Durante os testes realizados com apoio da FAPESP, foram analisados os níveis de ácido úrico e dopamina na urina. O ácido úrico é considerado um biomarcador para várias doenças, incluindo gota, câncer, diabetes tipo 2 e disfunção renal, enquanto a dopamina é um neuromodulador importante para o funcionamento do organismo. O desempenho analítico do sensor foi considerado comparável ao método padrão-ouro utilizado em laboratórios clínicos.
Além disso, o sensor se destaca por ser feito de filmes biodegradáveis de poliácido lático (PLA), ao contrário de outros dispositivos feitos de plástico à base de petróleo. Isso contribui para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU na Agenda 2030. O PLA é um poliéster biodegradável derivado de recursos naturais renováveis, como milho, trigo e cana-de-açúcar, e já tem aprovação para aplicações biomédicas nos Estados Unidos.
O estudo representa um avanço na área de sensores químicos eletrônicos integrados a dispositivos portáteis para monitorar continuamente os sinais vitais e auxiliar no diagnóstico de diversas condições de saúde. Este desenvolvimento abre caminho para novas aplicações terapêuticas e diagnósticas, possibilitando um monitoramento personalizado e descentralizado da saúde.