A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2024 durante o primeiro dia da Reunião Global de Educação — Global Education Meeting (GEM), em inglês. O evento ocorreu em Fortaleza (CE) nesta quinta-feira, 31 de outubro. Os dados apresentados no documento, nomeado como Declaração de Fortaleza, apontam para a estagnação ou diminuição de indicadores educacionais em todo o mundo e para a falta de lideranças escolares capazes de melhorar os níveis de ensino.
“A equidade e a inclusão na educação e por meio da educação são fundamentais para a visão de desenvolvimento social do Brasil”, afirmou Camilo Santana, ministro de Estado da Educação, durante o lançamento. Ele também destacou a importância de sediar a Reunião Mundial de Educação da Unesco e liderar um diálogo global sobre as desigualdades na educação.
Considerando o cenário atual de prioridades concorrentes e orçamentos nacionais limitados, a Declaração de Fortaleza insta seus Estados-membros a alavancar mecanismos inovadores de financiamento para promover o progresso na área social. O documento deve ser adotado pelas delegações participantes, que incluem mais de 40 ministros da Educação.
O relatório ressalta a importância da educação como um catalisador do progresso e destaca a urgência em enfrentar as crises de equidade e financeiras. São necessárias ações em quatro áreas principais: definição de expectativas, foco no aprendizado, promoção da colaboração e desenvolvimento de pessoas.
O diretor do relatório GEM, Manos Antoninis, enfatizou a necessidade de novas lideranças para alcançar os objetivos educacionais. Ele ressaltou que nos últimos anos houve uma queda nos níveis de aprendizagem, aumento no número de estudantes fora da escola e redução na prioridade dada à educação pelos governos.
Outro destaque do relatório é a análise do financiamento da educação, que aponta que os gastos por criança permaneceram praticamente os mesmos desde 2010. Além disso, as desigualdades regionais continuam acentuadas, com mais de 50% das crianças e adolescentes fora da escola vivendo na região da África Subsaariana.
A pesquisa também revela que houve avanços no acesso à educação, com 110 milhões de crianças e adolescentes entrando na escola desde 2015. Porém, ainda existem desafios, como o grande número de crianças e jovens fora da escola em países de renda baixa.
Em relação às lideranças escolares, a Declaração de Fortaleza destaca a necessidade de mais tempo e recursos para se concentrar no ensino e na aprendizagem. São necessárias revisões nos processos de seleção para recrutar profissionais qualificados e diversificados capazes de conduzir ações decisivas nas escolas.
Por fim, o relatório ressalta a importância da Reunião Global de Educação como a maior conferência internacional sobre educação no mundo, realizada a cada dois anos pela Unesco. O evento deste ano reforça as prioridades de inclusão, equidade e financiamento da educação, destacando a importância do diálogo global para superar os desafios educacionais.