Poluição por CO2 facilita transmissão de Covid-19, revela pesquisa

A presença de dióxido de carbono no ar é prejudicial à saúde humana, conforme já revelado pela ciência. Porém, um estudo recente aponta que a concentração de CO2 na atmosfera pode, também, prolongar a sobrevivência de vírus que se espalham pelas gotículas no ar, como o SARS-CoV-2 (da Covid-19). A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, revela que o CO2 faz com que o vírus permaneça ativo por mais tempo no ar, aumentando assim o risco de transmissão.

Os pesquisadores desenvolveram uma tecnologia de bioaerossol chamada CELEBS, que permitiu medir a sobrevivência de diferentes variantes do SARS-CoV-2 em partículas aerossóis geradas em laboratório. A variação da concentração de CO2 no ar demonstrou que em uma concentração de três mil ppm, por exemplo, 10 vezes mais vírus permaneceram infecciosos após 40 minutos em comparação com o ar limpo.

As projeções indicam que a concentração de CO2 na atmosfera ultrapassará 700 ppm até o final do século, o que pode explicar os episódios de supertransmissão da Covid-19. O estudo revelou que o pH elevado das gotículas contendo o vírus é um dos principais fatores para a inativação do mesmo, e o CO2 atua como um ácido nesse processo.

Além disso, descobriu-se que diferentes variantes do SARS-CoV-2 possuem aerostabilidades distintas, sendo que a variante Ômicron apresentou uma vida útil prolongada.

Os pesquisadores acreditam que essas descobertas têm implicações no entendimento da transmissão da Covid-19 e de outros vírus respiratórios. Abrir uma janela pode ser mais eficaz do que se imaginava, especialmente em locais mal ventilados, pois o ar fresco apresenta menor concentração de CO2, inativando os vírus de forma mais rápida.

A pesquisa também contribui para compreender como as mudanças ambientais podem aumentar o risco de futuras pandemias.