Na costa do Brasil, os moradores mais pobres, que residem em regiões vulneráveis ao aumento do nível do mar, inundações e deslizamentos de terra, serão os mais impactados pelas mudanças climáticas. Por isso, as ações de adaptação e mitigação devem se concentrar nessas comunidades, o que não está acontecendo atualmente. Este é o alerta do livro “Justiça Climática em Regiões Costeiras no Brasil”, organizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lançado recentemente.
O livro destaca a vulnerabilidade da comunidade Brasília Teimosa, em Recife (PE), diante da previsão de eventos climáticos extremos na região. Composto por construções populares como palafitas, o bairro é identificado pelas políticas municipais como área propensa a erosões costeiras e inundações. No entanto, os planos oficiais ainda carecem de metas eficazes para proteger os moradores locais e garantir a justiça climática, ou seja, o direito de habitar o local com segurança, preservando suas tradições e cultura.
O livro foi iniciado devido à falta de informações sobre o tema no Brasil e foi concluído durante fortes chuvas que atingiram diferentes regiões costeiras do país. Além de relatos de injustiças climáticas, a obra analisa a presença do tema em documentos e planos locais para lidar com as consequências do aquecimento global.
Os capítulos do livro destacam casos de injustiça climática na costa brasileira, registrados pela população, e propõem alternativas para enfrentá-los. Essa publicação é vista como aliada no planejamento de medidas de mitigação e visa fortalecer uma agenda que una teoria e prática, envolvendo diversos atores, incluindo gestores públicos, comunidades tradicionais e movimentos sociais.
A importância da participação popular na construção da agenda climática é ressaltada, assim como a necessidade de ações institucionais que atendam às demandas da sociedade. O livro destaca a importância de incluir a população em todas as fases da formulação e implementação de iniciativas pró-justiça climática.