A acidificação dos oceanos é um dos problemas mais recentes que pode afetar o suporte à vida na Terra. A civilização industrial está se aproximando de ultrapassar mais esse limite planetário.
Na verdade, é possível que já tenha ultrapassado, de acordo com os cientistas que compilaram o último relatório sobre o estado dos sistemas de suporte à vida no planeta.
Publicado na última segunda-feira pelo Instituto de Pesquisas sobre os Impactos Climáticos de Potsdam (PIK), o relatório baseia-se em anos de pesquisas sobre os nove sistemas e processos que contribuem para a estabilidade das funções de suporte à vida no planeta.
Esses sistemas são chamados “limites planetários”, estabelecidos há 15 anos, representando limites que não deveriam ser ultrapassados para manter a segurança da humanidade.
No entanto, seis dos nove limites já foram ultrapassados devido à ação humana, que são: mudanças climáticas, desmatamento, perda de biodiversidade, introdução e proliferação de produtos químicos sintéticos, escassez de água e equilíbrio do ciclo do nitrogênio.
Agora, a humanidade está caminhando para ultrapassar o sétimo limite, a acidificação dos oceanos, restando apenas mais dois: carregamento de aerossóis atmosféricos e destruição do ozônio estratosférico.
Levke Caesar, física climática responsável pelo relatório, revela que há duas razões para se preocupar com o aumento da acidificação dos oceanos.
De acordo com a cientista, o indicador de acidificação dos oceanos, que é o estado atual de saturação da aragonita, está ultrapassando o limite considerado seguro.
A causa da acidificação dos oceanos é a absorção das emissões de CO2. Ou seja, com o aumento das emissões, o pH da água diminui, prejudicando corais, conchas e plânctons. Portanto, toda a cadeia alimentar marinha corre risco.
A acidificação reduz a capacidade dos oceanos de absorver o CO2 da atmosfera. Além disso, o relatório mostra a conexão entre os limites planetários, ressaltando que a integridade da biosfera está interligada à acidificação dos oceanos.
Desse modo, Caesar destaca a necessidade de ações coordenadas e conjuntas para reverter a situação de risco do suporte à vida na Terra.
O conceito de limites planetários surgiu em 2009, pelo diretor do PIK, Johan Rockstrom, em uma pesquisa que identificava e quantificava limites relacionados aos sistemas de suporte à vida na Terra.
O rompimento de cada um desses limites representa um risco à estabilidade e resiliência do Planeta. No novo relatório, os cientistas ressaltam que a Terra enfrenta um risco enorme de perder seus sistemas de suporte à vida.