Pesquisa mapeia sapos-ponta-de-flecha em áreas da floresta amazônica ameaçadas pelo desmatamento

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e publicado na revista científica “Anais da Academia Brasileira de Ciências” mapeou a distribuição de três espécies de sapos do gênero Adelphobates na floresta amazônica. Essas espécies, conhecidas como sapos-ponta-de-flecha, foram encontradas na região do arco do desmatamento da floresta, o que as coloca em risco e preocupa os cientistas.

Os sapos-ponta-de-flecha são animais de coloração forte, venenosos e de tamanho pequeno, chegando a até quatro centímetros de comprimento. Eles são reconhecidos pelas comunidades indígenas antigas, que utilizavam o veneno desses sapos em suas flechas. As três espécies identificadas, A. quinquevittatus, A. castaneoticus e A. galactonotus, habitam principalmente a região ao sul do rio Amazonas, com distribuições específicas em diferentes áreas da floresta amazônica.

Para mapear a distribuição dessas espécies, os pesquisadores coletaram indivíduos ao longo de vários anos e realizaram estudos genéticos para compreender a evolução e a diversidade das populações. Além disso, foram analisadas variáveis bioclimáticas e de vegetação para auxiliar na construção dos mapas de distribuição e ocorrência das espécies.

O estudo destaca a importância da conservação do habitat desses sapos, que dependem de ambientes preservados, úmidos e com alta precipitação para se desenvolverem. Apesar de estarem classificados como pouco preocupantes na Lista Vermelha da IUCN, o desmatamento na Amazônia representa um risco para essas espécies, que são comumente encontradas nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, onde ocorre grande parte do desmatamento.

As informações obtidas com o estudo podem auxiliar na criação de políticas de conservação ambiental para proteger não apenas os sapos, mas todo o ecossistema em que vivem. A preservação dessas espécies também contribui para a proteção de recursos naturais importantes, como as castanheiras, que são fundamentais para várias comunidades locais. O conhecimento gerado pela pesquisa pode ser essencial para orientar futuras ações de conservação e entender melhor a história evolutiva desses sapos na Amazônia.