Mutação no vírus da varíola dos macacos pode gerar novo surto mundial

Uma variante do vírus responsável pela varíola dos macacos aprimorou sua capacidade de se espalhar por meio de contato sexual, de acordo com especialistas citados na revista Nature. Isso levanta preocupações de um novo surto global da mpox, similar ao ocorrido em 2022.

Caso se confirme, a situação seria mais grave do que da última vez. Isso porque há evidências de que essa variante, chamada clado I, é mais letal do que a cepa anterior que causou o aumento de casos.

A cepa clado I não é nova e tem causado pequenos surtos em comunidades da África Central há décadas. No entanto, até o ano passado, não havia registros de infecções adquiridas por via sexual. Desde então, a cepa clado I com capacidade de transmissão sexual aumentou consideravelmente o número de casos na República Democrática do Congo.

Um estudo prévio aponta que 241 suspeitas e 108 infecções confirmadas estão relacionadas a este surto, sendo que aproximadamente 30% das infecções ocorreram em trabalhadoras sexuais.

Enquanto os casos de varíola dos macacos diminuem no mundo, a situação é oposta na República Democrática do Congo, que registrou mais de 14 mil infecções suspeitas e 650 mortes pela doença somente em 2023.

Os cientistas identificaram mutações na variante responsável pelo surto, indicando uma possível adaptação do vírus para uma transmissão mais rápida entre humanos, com poucos sintomas. Isso levou à criação de um novo nome para essa variante: clado Ib.

Além disso, a República Democrática do Congo enfrenta disseminação de cólera, ampliando o risco de um surto de mpox para além da região atual, especialmente em meio a conflitos e desafios humanitários.

A vacina contra a varíola também protege contra a varíola dos macacos, e a aprovação regulatória para vacinas está sendo avaliada no país. Países como os Estados Unidos e o Japão se comprometeram a fornecer doses, mas uma campanha de vacinação adequada exigiria um grande número de unidades, segundo especialistas.