Uma variante do vírus que causa a varíola dos macacos evoluiu sua capacidade de transmissão por contato sexual, de acordo com especialistas citados na revista Nature. Isso levanta preocupações sobre um novo surto global de mpox, semelhante ao ocorrido em 2022.
Se isso se confirmar, a situação seria mais grave do que da última vez. Isso porque a nova cepa, clado I, aparenta ser mais letal do que a anterior.
A cepa clado I não é recente, já provocou pequenos surtos em comunidades da África Central há décadas. Contudo, infecções por essa cepa por via sexual eram raras até recentemente. Desde então, houve um aumento significativo dos casos no Congo.
Um estudo preliminar aponta que 241 casos suspeitos e 108 confirmados estão ligados a esse surto. Cerca de 30% das infecções ocorreram em profissionais do sexo.
A mutação da clado I tem contribuído para o aumento de casos na República Democrática do Congo, com milhares de infecções suspeitas e centenas de mortes. A subnotificação preocupa, pois apenas uma parcela dos casos foi testada.
A cepa mutada, agora chamada clado Ib, apresenta adaptações que facilitam a disseminação do vírus, especialmente por contato sexual. O país também enfrenta a cólera, o que intensifica os riscos de propagação do mpox.
A vacina contra a varíola dos macacos também protege contra o mpox, mas sua distribuição tem sido limitada nos países afetados. A República Democrática do Congo avalia a aprovação para uso dessas vacinas, contando com apoio de outros países para fornecimento das doses necessárias. Uma campanha eficaz exigirá uma grande quantidade de vacinas, segundo especialistas.