Mulheres vieram para a Antártica em busca de ciência. Mas então os predadores surgiram.

Escândalo de Assédio Sexual em Boston University
Em 12 de abril de 2019, Boston University finalmente demitiu David Marchant por assédio sexual a Willenbring. A universidade disse que não conseguiu corroborar suas alegações de abuso físico e psicológico. Marchant divulgou um comunicado, citado pela revista Science, afirmando que nunca assediou sexualmente ninguém, “nem em 1998 ou 1999 na Antártida, nem em qualquer momento desde então”. Mas por causa de Willenbring, a palavra se espalhou.

Relatório Chocante sobre Assédio Sexual na Antártida
Ainda abalada pelo escândalo, a National Science Foundation encomendou um estudo externo sobre assédio sexual nas instalações de pesquisa na Antártida. O extenso relatório, divulgado em agosto de 2022, continha denúncias chocantes de agressão, perseguição e assédio. Britt Barquist, ex-encarregada de combustível, trabalhava em McMurdo com uma empresa agora chamada Amentum. Ela supervisionava uma equipe de cerca de 20 pessoas que lidavam com o perigoso trabalho de manusear e limpar tanques de combustível diesel e gasolina. Em um dia de novembro de 2017, ela conta que estava sentada em uma mesa ao lado de um homem que ocupava um cargo sênior na Leidos, empresa responsável pela administração das estações de pesquisa na Antártida. Durante uma reunião, ele a agarrou à vista de todos.

Situação Inaceitável de Assédio
Ao relatar o incidente ao seu supervisor, ele disse ter testemunhado parte do ocorrido. O chefe dele reportou o caso ao departamento de recursos humanos da Amentum. “Eu disse aos RH que não queria estar perto dele nunca mais. Tenho medo dessa pessoa”, relata Barquist, “E eles disseram ‘OK'”.
Contudo, em 2020, durante uma nova colaboração com o contratado de McMurdo, foi informada de que participaria de reuniões virtuais semanais com o mesmo funcionário sênior. Barquist, que precisava do emprego, minimizou a situação. “Foi simplesmente nojento e horrível ter que olhar para ele e ouvi-lo falar”, diz ela, “só para vê-lo sendo tratado como uma pessoa normal, quando na minha cabeça eu pensava ‘Esse cara é um predador. Por que todos estão agindo como se ele fosse uma pessoa normal?'”.