Muito Além Dos Neurônios: ‘Esquecer’ É Tão Importante Quanto ‘Lembrar’ Para A Longevidade Da Memória

Uma das reclamações mais comuns entre idosos em todo o mundo é a perda de memória. Essa queixa pode variar de 8% a 50% dos pesquisados, de acordo com diferentes estudos. Além dos efeitos da idade avançada, o problema está associado a sintomas depressivos, ansiosos, baixa escolaridade e síndromes demenciais.

A memória, para o senso comum, é a capacidade do cérebro de armazenar informações e resgatá-las quando necessário. O esquecimento, ou amnésia, é a falha na evocação dessas informações. Na maioria das vezes, as queixas de idosos em relação à perda de memória não são decorrentes de eventos patológicos, mas sim de estados transitórios que requerem abordagem clínica adequada.

A perda de memória é um evento dramático que afeta não apenas o indivíduo, mas também seus familiares, amigos e cuidadores. A memória está relacionada à identidade e a percepção de falhas de memória pode impactar a qualidade de vida e atividades do dia a dia.

Existem diferentes sistemas de memória, classificados em memórias não-declarativas e declarativas. O cérebro é capaz de reorganizar e adaptar-se ao longo da vida, através da aprendizagem. A capacidade de reter informações está diretamente ligada à estrutura e ao funcionamento cerebral, que podem ser modificados ao longo do tempo.

Portanto, esquecer é tão importante quanto lembrar para a longevidade da memória. A condição de não esquecer nada relacionado às nossas vivências é considerada uma doença rara, conhecida como Hipertimesia. Nossa identidade não está apenas relacionada ao que lembramos, mas também ao que esquecemos, sendo nossa responsabilidade a construção e manutenção da memória.