Mudanças Climáticas Do Passado Impactaram Genética De Ave Na Amazônia.

Os efeitos das mudanças climáticas naturais ao longo de milhares de anos na Amazônia estão presentes no genoma de pássaros do gênero Willisornis, também conhecidos como rendadinhos ou formigueiros. Essas aves sofreram uma redução em sua diversidade genética ao longo do tempo, principalmente devido às mudanças ambientais durante o período de glaciação. Um estudo brasileiro, desenvolvido desde 2016 com a colaboração de diversas instituições científicas, aponta essas descobertas.

Os resultados desse estudo foram publicados em um artigo na revista científica “Ecology and Evolution”. Mesmo abordando eventos passados, essas descobertas podem contribuir para a análise dos possíveis efeitos do aquecimento global, fenômeno atual impulsionado pela ação do homem no planeta.

Coordenado pelo Instituto Tecnológico Vale – Desenvolvimento Sustentável (ITV-DS) e com a participação de outras instituições, como a Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Pará e Universidade de Toronto, o estudo revela que os pássaros do gênero Willisornis são importantes indicadores naturais da qualidade ambiental da Amazônia.

A pesquisa envolveu o sequenciamento do genoma completo de nove pássaros, o que permitiu uma análise detalhada das informações genéticas das aves. O estudo mostrou que as mudanças climáticas influenciaram a expansão e retração da cobertura vegetal na Floresta Amazônica, impactando a diversidade genética dos pássaros do gênero Willisornis.

A resiliência dessas aves ficou evidente no estudo, já que mesmo em situações adversas, elas conseguiram sobreviver. As transformações na cobertura vegetal da Floresta Amazônica e as variações genéticas observadas nos pássaros foram mais intensas no sul e sudeste da região, indicando uma adaptação diferenciada em diferentes áreas.

Os pesquisadores esperam que os resultados desse estudo sirvam de base para o planejamento de ações de conservação da biodiversidade frente às mudanças climáticas em curso. O estudo com os Willisornis permite inferir sobre o que pode acontecer no futuro em relação ao impacto das alterações climáticas na região amazônica, possibilitando estratégias de conservação mais eficazes.