Manter saúde, humor, peso e ética são algumas das razões principais para adotar dietas restritivas.

Texto escrito por Julia Moióli da Agência FAPESP
Um estudo publicado no periódico Perceptual and Motor Skills investigou as razões por trás da adoção de dietas restritivas, onde certos alimentos são excluídos do cardápio. Os pesquisadores do Brasil e de Portugal identificaram que a saúde, humor, controle de peso, preocupações éticas e consumo de produtos naturais foram os principais fatores associados a esse comportamento alimentar entre os participantes.
A pesquisa, realizada pelos cientistas da Unesp, Unifal e do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (Portugal), com apoio da FAPESP, contou com 1.200 adultos, com idade média de 25 anos. Além disso, os pesquisadores analisaram os comportamentos alimentares denominados “emocional” e “descontrolado”.
Os hábitos alimentares de uma pessoa referem-se à sua relação prática com a comida, enquanto os comportamentos alimentares estão relacionados a fatores subjetivos e individuais, como contexto sociocultural, aspectos psicológicos e estado de humor. Compreender esses fatores pode ajudar na modelagem de intervenções clínicas e na promoção de escolhas alimentares saudáveis em um cenário de grande oferta de alimentos calóricos.
O estudo examinou três comportamentos alimentares comuns na população brasileira: restrição alimentar cognitiva, alimentação emocional e descontrole alimentar. Foi identificado que a restrição cognitiva está relacionada a motivos como saúde, humor, conteúdo natural, controle de peso e preocupações éticas. Já a alimentação emocional é guiada mais pelo humor do que por aspectos saudáveis. Por fim, o descontrole alimentar está associado a escolhas por conveniência, apelo sensorial, preço e familiaridade.
Novas abordagens
Os cientistas acreditam que essas descobertas podem orientar futuras pesquisas sobre comportamento alimentar, com estudos replicados em populações com doenças específicas. Além disso, o estudo pode auxiliar na elaboração de estratégias para promover comportamentos alimentares saudáveis e adequados à realidade de cada pessoa, sem restrições severas.
Os pesquisadores enfatizam a importância de abordar as mudanças dietéticas considerando as emoções e motivos por trás das escolhas alimentares, para evitar comportamentos inflexíveis e obsessivos que podem trazer prejuízos no longo prazo.
O artigo completo pode ser acessado em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/00315125231207270.