Quem for contaminado pela bactéria pode manifestar, na primeira semana, conhecida como fase inicial, febre repentina acima de 38°C, calafrios, dor de cabeça, dor muscular (principalmente na panturrilha), falta de apetite, náuseas e vômitos. Cerca de 30% dos pacientes podem apresentar olhos vermelhos, outra característica marcante da doença, de acordo com o Ministério da Saúde.
Casos mais graves ocorrem em aproximadamente 15% dos pacientes, a partir da segunda semana, com o aumento da produção de anticorpos. Os principais sintomas são icterícia (pele e olhos amarelados), insuficiência renal, alteração no nível de consciência e hemorragia. Tosse seca e dificuldade para respirar podem indicar comprometimento dos pulmões. A taxa de mortalidade é de 10% e pode chegar a 50% em casos de hemorragia pulmonar.
Uma vez que os testes atuais só conseguem detectar a leptospirose após uma semana do início dos sintomas, é recomendável procurar ajuda médica assim que houver suspeita de infecção para iniciar o tratamento com antibióticos. A atenção deve ser redobrada após exposição a enchentes: a doença pode se manifestar até 30 dias após o contato com lama ou água contaminadas.
O que fazer para se prevenir em enchentes
A bactéria Leptospira entra no corpo através das mucosas da boca, nariz e olhos, e pela pele em caso de imersão prolongada na água contaminada. Cortes e feridas facilitam a infecção. Em situações de inundação, o Ministério da Saúde recomenda as seguintes medidas de prevenção:
– Cobrir cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água
– Utilizar botas e luvas, se possível, para reduzir o contato com a água contaminada, ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e pés
– Após a água baixar, remover a lama e desinfetar pisos, paredes e bancadas com água sanitária, deixando agir por 15 minutos (sempre usando luvas e botas de borracha)
– Evitar nadar ou beber água doce de fontes potencialmente contaminadas pela água da enchente
– Descartar alimentos e medicamentos que tiveram contato com a água da inundação
– Tratar a água antes do consumo, fervendo ou utilizando hipoclorito de sódio
– Profissionais de saúde ou resgate devem usar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
O controle de roedores também é importante para prevenir a disseminação da doença. Para isso, é necessário descartar adequadamente o lixo, evitar o acúmulo de entulho, desinfetar e vedar caixas d’água, e fechar frestas e aberturas em portas, paredes e rodapés. O lixo deve ser colocado em sacos plásticos ou em latões de metal com tampa, e armazenado em locais elevados até a coleta.
Leptospirose, dengue e gripe: como diferenciar
Os sintomas iniciais da leptospirose são muito parecidos com os de outras doenças como a dengue e a gripe. Portanto, pode haver dificuldade no diagnóstico, especialmente durante um surto de dengue no país. Além da avaliação clínica, o teste laboratorial e o histórico de exposição a enchentes são fatores que auxiliam na identificação correta do problema.
Alguns sinais bastante característicos da leptospirose são a dor nas panturrilhas, os olhos vermelhos e a icterícia (pele amarelada), acompanhados de febre alta, dor de cabeça, falta de apetite, náuseas e vômitos.
Já na dengue, dois sintomas marcantes são o surgimento de manchas vermelhas na pele e dor atrás dos olhos. Também podem ocorrer febre alta repentina, forte dor de cabeça, náuseas e vômitos. A dengue com sinais de alerta pode resultar em sangramento de mucosas, vômito com sangue e dor abdominal intensa.
Por outro lado, a gripe, por se tratar de uma doença respiratória, geralmente provoca coriza, tosse produtiva e dor de garganta, além de sintomas como febre, dor no corpo e de cabeça, calafrios, vômito e diarreia.
Conforme nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, outro diferencial é a duração da febre, que pode durar de 7 a 14 dias na leptospirose. Os pacientes também podem apresentar aumento do número de leucócitos e baixo nível de potássio no sangue.
