Juiz Coloca Em Xeque Os Créditos De Carbono Como Salvadores Do Clima

Na terça-feira passada, o principal órgão de verificação de metas climáticas de grandes empresas, SBTi (Iniciativa de Metas Cientificamente Baseadas), divulgou um estudo que aponta que o uso de créditos de carbono não é eficiente para alcançar os objetivos climáticos.

Essa divulgação ocorreu em um momento no qual a liderança da SBTi estava enfrentando críticas por uma iniciativa que buscava ampliar o uso de créditos de carbono através de projetos como plantio de árvores e limpeza de fogões e fornos para reduzir as emissões.

É importante destacar que, no início de julho, o brasileiro Luiz Amaral renunciou ao cargo de CEO da entidade por motivos pessoais, o que ocorreu após uma proposta de ampliar o uso de créditos de carbono em abril, gerando um clima insustentável.

Essa proposta afetou a credibilidade da SBTi como principal órgão avaliador das políticas corporativas relacionadas ao clima, além de levantar questionamentos sobre os financiadores dessa iniciativa.

Como muitas empresas não conseguem ou não querem reduzir suas emissões, os créditos de carbono foram uma solução encontrada. Em 2025, a SBTi irá decidir os limites estabelecidos para as empresas utilizarem créditos de carbono para cumprir suas metas climáticas.

O novo estudo divulgado é parte das consultorias que a iniciativa pretende realizar e aponta riscos no uso de créditos de carbono para compensar emissões, incluindo a possibilidade de não atingir o “net zero” e reduzir o financiamento para questões climáticas.

Atualmente, os padrões da SBTi permitem o uso de compensações para obter créditos de carbono em 10% das emissões de uma empresa, sendo os 90% restantes obtidos por reduções diretas.

O estudo mostra que apenas uma pequena porcentagem dos créditos de carbono disponíveis têm os benefícios climáticos prometidos pelos vendedores no mercado.

A SBTi está revendo seus padrões em relação às corporações e as mudanças climáticas e considerando uma nova abordagem para o mercado de créditos de carbono, que inclui a preservação de florestas e a instalação de aquecedores sustentáveis como atividades elegíveis para esses créditos.

Essas novas políticas visam acelerar o financiamento climático e proporcionar uma abordagem mais integrada das empresas em relação às metas climáticas. O estudo da SBTi recebeu elogios de especialistas, como Gilles Dufranse, do Carbon Market Watch.

Por fim, a SBTi ressalta que o estudo possui limitações e que é necessário realizar novas pesquisas para aprofundar vários temas relacionados ao uso de créditos de carbono no contexto das metas climáticas.