Grupo de Borboletas Atravessa o Atlântico Voando 4.200 Km Sem Parar

Cientistas de quatro países descobriram evidências de que um grupo de borboletas voou por 4.200 km pelo Oceano Atlântico sem parar.

A descoberta foi publicada em um estudo na revista acadêmica Nature Communications.

Tudo começou em 2013, quando o entomologista espanhol Gerard Talavera encontrou cerca de dez borboletas da espécie Vanessa cardui em uma praia na Guiana Francesa, na América do Sul.

No entanto, essa espécie de borboletas não é nativa da América do Sul, além de apresentar asas com buracos. “Elas pareciam exaustas, nem conseguiam voar direito. A única explicação que me veio a mente foi que essas borboletas eram migrantes que vieram de longe”, diz o pesquisador.

Ainda assim, borboletas atravessando um oceano inteiro era algo nunca antes documentado. Por isso, o pesquisador e alguns colegas decidiram analisar alguns fatores antes de concluir que essas borboletas, ao atravessar o Atlântico, conseguiram um feito antes considerado impossível.

Em um estudo anterior de Talavera, de 2016, foi descoberto que borboletas dessa espécie, nativas da Europa, voavam para África Subsaariana encontrando obstáculos como o Mar Mediterrâneo e o Deserto do Saara no trajeto de quase 4 mil km.

Nessa jornada longa, as borboletas fizeram a maioria do trajeto por terra, onde podiam parar para “abastecer”, ou seja, se alimentar.

No entanto, atravessar os 4.200 km do Atlântico, de acordo com o novo estudo, demandaria de cinco a oito dias dependendo do grupo de borboletas.

Com base em análises nas limitações de fontes de energia, o estudo concluiu que as borboletas conseguiriam voar uma distância máxima de 780 km sem parar. O que permitiu que elas conseguissem completar a longa viagem pelo Atlântico foram as boas condições de vento.

“Conseguir voar tão longe sem possibilidades de parar é, de fato, um recorde para um inseto, sobretudo para borboletas”, disse o pesquisador.

Por fim, segundo o estudo, a travessia de 4.200 km pelo Atlântico era a migração anual das borboletas da Europa para o sul. Mas as borboletas desse grupo se perderam quando o vento as empurrou para o oceano.