Geologia: Rios Extintos do Nordeste

Na região de Sobral e Juazeiro do Norte, no Ceará, de Catimbau, em Pernambuco, ou Monsenhor Hipólito, no Piauí, encontram-se arenitos, rochas amareladas formadas pela aglutinação da areia. Suas camadas indicam que há milhões de anos ali passava um rio. Além disso, áreas hoje planas ao sul, ocupadas por Sergipe, Alagoas, Bahia e Pernambuco, eram montanhas de 3 a 4 mil metros.

Os rios do Nordeste brasileiro entre 480 milhões e 445 milhões de anos atrás eram diferentes dos atuais. Eram entrelaçados e transportavam sedimentos em grandes áreas com leve inclinação, possivelmente sem vegetação. Eram extensos, com 300 a 500 km de comprimento cada. Há 400 milhões de anos, a região que hoje é o Nordeste ainda estava unida ao norte da África, com rios descendo de montanhas.

A separação ocorreu há cerca de 100 milhões de anos, quando se rompeu o último maciço rochoso que ligava o norte do Rio Grande do Norte ao que hoje são Nigéria, Camarões e Guiné Equatorial. Essa ruptura deu espaço para a formação e alargamento do Atlântico. Os rios desapareceram devido a uma intensa glaciação entre 445 milhões e 443 milhões de anos atrás.

Para chegar a essas conclusões, o geólogo Rodrigo Cerri examinou arenitos coletados em sete bacias sedimentares do Ceará, Piauí e Pernambuco. Ao analisar zircões presentes nessas rochas, determinou a idade das formações e como elas se formaram. O estudo indica que todas as unidades sedimentares da região podem ter a mesma idade e origem.

Essas descobertas sugerem que os rios do Nordeste brasileiro já foram integrados em uma grande rede hidrográfica, antes da separação dos continentes atuais. Além disso, as montanhas e formações geológicas da região se originaram de processos complexos ao longo de milhões de anos.