Garimpo Ilegal Provoca Aumento nos Casos de Malária na Amazônia em Quatro Anos, Afirma Estudo

A malária está se espalhando na região Amazônica, em grande parte devido ao garimpo ilegal associado ao desmatamento. Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB) reúne evidências científicas anteriores e aponta que a área de garimpo em terras indígenas aumentou 102% entre 2018 e 2021. Isso pode ter contribuído para o aumento de casos de malária nas terras indígenas Yanomami, em Roraima, e Munduruku, no Pará, de acordo com a análise publicada na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

O estudo analisa a situação da malária em áreas de garimpo no Norte do Brasil em um período mais longo, de 2011 a 2023, e sugere estratégias para controlar a incidência da doença na região, com base na revisão da literatura dos principais estudos sobre o assunto. Foram utilizados dados de casos da doença registrados ao longo desses 13 anos nos sistemas de informação do Ministério da Saúde.

Segundo o pesquisador Pablo Sebastian Tavares Amaral, houve um aumento de 108% nos casos de malária em pacientes das áreas de garimpo da região Amazônica entre 2018 e 2021. Mais de 253 mil casos de malária foram registrados em áreas de garimpo ao longo desses 13 anos, com um aumento significativo a partir de 2020, especialmente nos estados do Mato Grosso e de Roraima, onde houve um aumento expressivo de casos.

O estudo destaca a importância de mapear as áreas de garimpo afetadas pela malária para orientar ações de controle da doença. Devido à ilegalidade dessas áreas, a estrutura de saúde é precária, o que dificulta o tratamento para a doença. O grande número de garimpos ilegais representa um desafio para seu monitoramento, tornando-se focos de mosquitos transmissores da malária. O estudo aponta a necessidade de rever a legislação para aumentar o controle sobre o desmatamento e as atividades de garimpo, especialmente em terras indígenas.

Outras estratégias propostas incluem expandir a vigilância da malária, por meio de agentes comunitários, e ações multissetoriais para atender as populações indígenas. Conectar dados de desmatamento e malária, inserindo alertas sobre desmatamento no Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, também é destacado como uma medida importante para melhorar o diagnóstico e tratamento da malária em áreas afetadas.

O grupo de pesquisa continua estudando a situação da malária na Amazônia, especialmente o impacto de grandes obras hidrelétricas na propagação da doença. O objetivo é avaliar se as ações específicas voltadas para esses empreendimentos podem contribuir para o controle da malária na região.