Um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) analisou pela primeira vez como o ambiente alimentar influencia as escolhas feitas pelos moradores de favelas no Brasil. A pesquisa, publicada na revista “Cadernos de Saúde Pública”, destacou a dificuldade de acesso dos moradores a alimentos saudáveis, devido à falta de informação sobre alimentação adequada, restrições financeiras e poucos estabelecimentos que oferecem alimentos saudáveis a preços acessíveis.
As autoras do estudo realizaram dois grupos focais online, com duração de duas horas cada, com moradores de favelas de diferentes regiões do país, em novembro de 2022. A maioria dos participantes era do sexo feminino (80%), com idades entre 18 e 30 anos (60%) e representação racial diversificada. A pesquisa indicou que os moradores enfrentam desafios significativos em seu ambiente alimentar, como a falta de acesso e recursos para adquirir alimentos saudáveis, ao mesmo tempo em que estão expostos a uma grande disponibilidade de produtos ultraprocessados.
Para os moradores, a falta de tempo também se torna uma barreira na busca por uma alimentação nutritiva e de qualidade. Muitos expressaram o desejo de consumir mais frutas, alimentos orgânicos, peixes e castanhas, desde que suas condições financeiras permitam. A pesquisadora responsável pelo estudo ressalta a importância de compreender as particularidades de cada comunidade, visando desenvolver políticas públicas e programas que incentivem o acesso a alimentos saudáveis a preços acessíveis.
Diante dos desafios enfrentados pelos moradores de favelas, os pesquisadores desenvolveram um instrumento para avaliar a percepção do acesso aos alimentos. Futuramente, planeja-se conduzir uma pesquisa de campo em Belo Horizonte, com o intuito de coletar informações sobre o ambiente alimentar, segurança alimentar e nutricional, e o estado nutricional das crianças das favelas locais. Os dados obtidos serão compartilhados com os responsáveis pelas políticas públicas, visando melhorias nas condições de acesso a uma alimentação saudável nessas comunidades.