Há bastante tempo se ouve falar sobre a relevância dos estímulos mentais ao longo da vida para prevenir problemas de memória comuns em idades avançadas. Agora, uma nova pesquisa publicada na revista Neurology destaca o papel do trabalho nessa equação.
De acordo com o estudo, ocupações que requerem esforço mental e criatividade contribuem para estimular o cérebro e, assim, protegem um indivíduo de certos problemas de pensamento e memória na velhice.
Globalmente, pessoas com empregos menos exigentes mentalmente apresentaram um risco 66% maior de comprometimento cognitivo leve. Além disso, também demonstraram um risco 31% maior de desenvolver demência após os 70 anos.
Para a pesquisa, os pesquisadores contaram com a participação de sete mil voluntários noruegueses que ocupavam 305 cargos diferentes. Todos tinham empregos que estimulavam o cérebro de maneira semelhante ao longo da vida.
Para avaliar a complexidade do trabalho dos voluntários, os pesquisadores consideraram a quantidade de trabalho manual e mental rotineiro, bem como o grau de tarefas analíticas e interpessoais presentes no dia a dia.
Após os 70 anos, os voluntários foram submetidos a uma análise das habilidades cognitivas, especialmente da memória, e classificados em três grupos: aqueles sem comprometimento cognitivo, aqueles com comprometimento leve e aqueles com demência.
Por fim, o estudo constatou que entre os voluntários que possuíam empregos com menos estímulos mentais, 42% foram diagnosticados com comprometimento cognitivo leve. Em contrapartida, apenas 27% daqueles que tinham empregos mais estimulantes cognitivamente receberam o mesmo diagnóstico.
Ademais, de acordo com a pesquisa, níveis mais elevados de educação representaram cerca de 60% do efeito protetor observado entre pessoas que desempenhavam trabalhos mentalmente estimulantes. Esse fato confirma resultados anteriores que indicam que a educação tem um impacto significativo na proteção contra o declínio cognitivo na velhice.
Os pesquisadores ressaltam a importância de combinar estímulos mentais em diversas áreas da vida, não se restringindo apenas à educação ou ao trabalho, para promover a saúde cognitiva futura.