Eles Experimentaram Em Segredo. O Que Descobriram Ajudou a Vencer uma Guerra

Os soldados Aliados que não foram mortos retornaram da derrota. Estava claro agora que precisavam ser capazes de se aproximar das praias dias antes de um ataque para obter informações atualizadas. Eles precisavam saber onde os nazistas haviam escavado a terra, colocado explosivos ou construído ninhos de metralhadoras. Nenhum de seus navios ou barcos poderiam se aproximar o suficiente da costa sem serem detectados, então os Aliados precisavam de submarinos em miniatura e mergulhadores. E precisavam da ciência para que essas coisas acontecessem.

Neste ponto, Haldane, Spurway e os outros cientistas já haviam sofrido oito convulsões e quebrado várias vértebras pela causa. Isso porque, pouco antes do desastre em Dieppe, mas não a tempo de impedi-lo, Haldane e sua equipe foram solicitados pela Marinha a mudar o foco para um novo objetivo mais específico. Para ajudar seus compatriotas e os Aliados a derrotar Hitler, a fim de dar fim à guerra, os Aliados precisavam que os cientistas usassem esse mesmo trabalho para se preparar para missões de reconhecimento de praias.

Cinco dias após Dieppe, sem ainda saber da sua horrível realidade, Haldane e Spurway estavam trabalhando no próximo plano de assalto anfíbio. Haveria outro desembarque na praia, desta vez na Normandia – e não poderia falhar.

Nascido em 1892 em uma família escocesa com casas de veraneio com torres, Jack, também conhecido como JBS, não tinha paciência para pompa. Ele insistia em manter uma antiga banheira cheia de girinos sob as ramificações de uma majestosa macieira. Ele estava determinado a criar aranhas d’água.

Jack e sua irmã Naomi foram criados no mundo da ciência da mesma forma que alguns são criados na realeza.

Seus pais, Louisa e John Scott, pareciam ter se apaixonado um pelo outro por conta do mesmo gênio ferozmente independente e socialmente irreverente que passariam para seus filhos. Ela era uma jovem brilhante de belos cabelos dourados, com beleza clássica, um carinho por cães pequenos, e uma confiança franca que a marcava como rebelde dentro da sociedade britânica da década de 1800.

Ele era um pesquisador, médico e professor de fisiologia na Universidade de Oxford, e infamemente excêntrico. Ele converteu o porão e o sótão da casa do casal em laboratórios improvisados para brincar com fogo, correntes de ar e misturas de gás. Assim também fizeram seus filhos.

Aos 3 anos, Jack já doava sangue para as pesquisas de seu pai. Aos 4, ele andava com seu pai no metrô de Londres enquanto John Scott pendurava um pote na janela do trem para coletar amostras de ar. A dupla encontrou níveis de monóxido de carbono tão alarmantemente altos que a cidade decidiu eletrificar as linhas ferroviárias. O jovem Haldane estava aprendendo como manter as pessoas vivas e respirando em mundos onde não deveriam sobreviver.

No final de 1800, explosões frequentes e vazamentos de gás tornaram a mineração um dos trabalhos mais letais do mundo, e John Scott Haldane começou a ser conhecido entre os mineiros do país por sua disposição em se aventurar nas estreitas e escuras passagens cheias de carvão em sua missão de tornar os suprimentos de ar mais seguros. Aos 4 anos, Jack também explorava minas de carvão com seu pai para descobrir como as pessoas respiravam nesses espaços apertados e perigosos. A expressão comum “canário na mina de carvão”, ainda usada para descrever a detecção precoce de qualquer situação ameaçadora, existe hoje porque foi ideia de Haldane usar os pequenos pássaros animados para detectar vazamentos de gás.