Quando a única instalação de tratamento de águas residuais em sua comunidade não funciona, não é apenas a água que falta. Coisas realmente ruins começam a acontecer. Por exemplo, sem água significa sem hospital. Encontrei muitos casos assim durante minha liderança na Força-Tarefa Covid. Existe uma interdependência muito grande entre as funções básicas da sociedade.
O UnDisruptable27 focará em interagir com as comunidades que não são alcançadas pelas discussões de políticas baseadas em Washington, DC, ou pelos Centros de Compartilhamento e Análise de Informações (ISACs), que são projetados para representar cada setor de infraestrutura dos EUA. O projeto tem como objetivo se comunicar diretamente com pessoas que de fato trabalham no terreno na infraestrutura crítica dos EUA, e enfrentar juntos a realidade de que desastres relacionados à cibersegurança podem afetar seu trabalho diário.
“Quando há uma violação de dados, você recebe serviços como proteção de identidade por algum tempo, e a vida segue, e as pessoas pensam que não há impacto a longo prazo”, diz Megan Stifel, diretora de estratégia da IST. “Existe essa expectativa de que está tudo bem, as coisas vão continuar. Então, estamos muito interessados em abordar esse problema e pensar em como podemos lidar com a segurança da infraestrutura crítica com talvez uma nova abordagem”.
Corman observa que, mesmo que incidentes de cibersegurança tenham se tornado um fato conhecido da vida, proprietários de negócios e operadores de infraestrutura muitas vezes são abalados e pegos de surpresa quando um incidente de cibersegurança realmente os afeta. Enquanto isso, quando entidades governamentais tentam impor padrões de cibersegurança ou se tornar parceiros em iniciativas de defesa, as comunidades muitas vezes se opõem à intromissão e consideram excesso. No ano passado, por exemplo, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA foi forçada a rescindir novas diretrizes de cibersegurança para sistemas de água após empresas de água e republicanos no Congresso entrarem com um processo contra a iniciativa.
“Vez após vez, associações comerciais, lobistas, proprietários e operadores têm uma reação alérgica à supervisão e dizem: ‘Preferimos a voluntariedade, estamos indo bem sozinhos'”, diz Corman. “E eles realmente estão tentando fazer a coisa certa. Mas, vez após vez, as pessoas estão chocadas que a interrupção possa acontecer e se sentem muito surpreendidas. Então, só se pode concluir que as pessoas que sentem a dor de nossos fracassos não estão incluídas na conversa. Eles merecem entender os riscos inerentes a esse nível de conectividade. Tentamos muitas coisas, mas ainda não tentamos apenas falar francamente com as pessoas”.
O UnDisruptable27 está sendo lançado esta semana para visibilidade entre os participantes do BSides, bem como nas outras conferências Black Hat e Defcon, que serão realizadas até domingo em Las Vegas. Corman diz que o objetivo é combinar a mentalidade hacker e, essencialmente, um apelo por voluntários com planos de trabalhar com colaboradores criativos na produção de conteúdo envolvente para alimentar o debate e a compreensão. Campanhas de informação usando memes e postagens em redes sociais, ou projetos ambiciosos como podcasts narrativos e até reality shows, estão todos na mesa.
“Devemos priorizar a segurança, a segurança e a resiliência da infraestrutura crítica – incluindo água, instalações de saúde e serviços públicos,” disse Craig Newmark, o fundador do Craigslist, cuja filantropia financia o UnDisruptable27, para WIRED. “A urgência desse problema requer afetar o comportamento humano por meio de contar histórias”.
