Como a Covid-19 pode afetar o QI dos infectados, segundo pesquisa

A lentidão de raciocínio, a falta de clareza em alguns pensamentos, a dificuldade de concentração e as falhas de memória são alguns dos sintomas que compõem a chamada névoa cerebral, consequência comum da Covid-19, que até causou perda de QI.

Cientistas têm buscado compreender qual a ação do SARS-CoV-2 no cérebro há cerca de quatro anos. Embora os danos causados pelo vírus ainda não estejam completamente explicados, muitos estudos sobre o tema avançaram o conhecimento na área.

Agora, duas novas pesquisas publicadas na revista New England Journal of Medicine mensuram a maneira como a Covid-19 afeta o sistema cognitivo e causa a névoa cerebral. De acordo com um dos estudos, mesmo a manifestação leve da doença diminui três pontos do QI dos infectados, em média.

Entre aqueles com sintomas persistentes, como a falta de ar ou fadiga mesmo após o final da infecção, o declínio cognitivo equivale a cerca de seis pontos no QI. Já aqueles que foram internados pela doença tiveram uma perda de nove pontos no QI.

Além disso, o estudo evidenciou que a reinfeção pelo vírus contribuiu com uma perda adicional de dois pontos no QI. Eles notaram que o declínio cognitivo era comum tanto entre aquelas pessoas que contraíram a cepa original do vírus, quanto entre as que foram infectadas pelas variantes delta e ômicron.

A outra pesquisa documentou uma piora de vários pontos na memória das pessoas em até 36 meses após testarem positivo para SARS-CoV-2.

Estudos anteriores já evidenciaram os danos do SARS-CoV-2 ao cérebro para além da névoa cerebral. Uma pesquisa mostrou que, mesmo quando o vírus se manifesta de maneira leve e exclusivamente nos pulmões, ele ainda pode provocar inflamação no cérebro.

Com isso, prejudica também a capacidade das células cerebrais de se regenerarem. Além disso, um estudo que reuniu dados de quase um milhão de pessoas com Covid-19 mostrou que a doença aumentou o risco de desenvolvimento de demência em pessoas com mais de 60 anos de idade.

Embora a ciência ainda explore a relação do coronavírus com o sistema cognitivo das pessoas, as evidências já existentes mostram que a Covid-19 representa um sério risco para a saúde cerebral.

Por isso, analisando os dados obtidos nos estudos recentes, pesquisadores sugerem que a Covid-19 poderia aumentar em 2,8 milhões de pessoas o número de adultos com um nível de comprometimento cognitivo nos EUA.

Além da névoa cerebral, a COVID-19 pode levar a uma série de problemas, incluindo dores de cabeça, distúrbios convulsivos, derrames, problemas de sono e formigamento e paralisia dos nervos, bem como vários distúrbios de saúde mental. Isso, por sua vez, pode demandar mais dos sistemas de saúde, além de comprometer o desempenho das atividades econômicas da população mundial.