Clima mais quente deixará alimentos mais caros e a tendência é piorar

De acordo com o Índice de Preços de Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), os preços dos alimentos têm aumentado desde os anos 2000. Embora muitos fatores influenciem esse cálculo, evidências apontam para o papel que as mudanças climáticas exercem nesta conta.

Um estudo recente publicado na revista Communications Earth & Environment sugere que os preços dos alimentos devem subir entre 0,9% e 3,2% a cada ano até 2035, levando em consideração apenas o aumento de temperatura. Isso pode gerar um acréscimo na inflação global entre 0,3% e 1,2%. Se a projeção se estender até 2060, a inflação de alimentos em todo o mundo pode ultrapassar 4%.

Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados sobre os preços de alimentos e as condições climáticas de 121 países entre 1996 e 2021. Eles encontraram correlações entre os preços dos alimentos e fatores como temperatura média mensal, variabilidade da temperatura e eventos extremos de seca e chuvas.

Os resultados mostraram que, quando a temperatura média se alterava, os preços dos alimentos sofriam impacto cerca de um mês depois. Durante o verão, países com temperaturas acima da média tiveram aumento nos custos alimentares. No inverno, apenas cidades a 40° de latitude no hemisfério norte viram queda nos preços.

Recentemente, a produção de azeite sofreu os efeitos das mudanças climáticas. A Espanha, importante produtor de azeite, teve suas plantações de oliveiras afetadas por temperaturas acima da média e falta de chuvas, o que impactou a produção. Isso resultou em aumento nos preços do azeite, afetando sua importação pelo Brasil.

A pesquisa não investigou especificamente os motivos do aumento de preços relacionados às mudanças climáticas, mas os pesquisadores acreditam que o calor extremo prejudica o rendimento das colheitas. Para o futuro, é necessário conter as emissões de gases do efeito estufa e os agricultores precisam adaptar suas práticas para lidar com os impactos das mudanças climáticas.