Clima- Emissão de CO2 Acelera e Já é a Mais Rápida dos Últimos 50 Mil Anos

As emissões de dióxido de carbono (CO2) estão aumentando em um ritmo acelerado sem precedentes nos últimos 50 mil anos. Pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon analisaram dados preocupantes provenientes de amostras do núcleo de gelo da Antártica Ocidental. Esses dados indicam um crescimento mais rápido do que nunca nas concentrações atmosféricas de CO2.

Os cientistas estudam os gases atmosféricos antigos aprisionados em bolhas de ar no gelo da Antártida, coletados por meio de núcleos de perfuração com até 3,2 quilômetros de profundidade. Durante a última era glacial, que terminou há aproximadamente 10 mil anos, houve períodos em que os níveis de CO2 aumentaram significativamente.

Os pesquisadores associaram esses aumentos aos Eventos Heinrich do Atlântico Norte ao analisar os núcleos de gelo da Antártica. Esses eventos estão ligados a rápidas mudanças climáticas globais. No passado, picos de CO2, que ocorriam a cada 7.000 anos, representavam um aumento de cerca de 14 partes por milhão em 55 anos. Atualmente, um aumento semelhante acontece em apenas 5 a 6 anos.

Estudos apontam que o fortalecimento dos ventos de oeste durante esses eventos antigos acelerou a liberação de CO2 do Oceano Antártico. Com as mudanças climáticas previstas para intensificar esses ventos no próximo século, a capacidade do Oceano Antártico de absorver o CO2 está ameaçada.

A aceleração das emissões de dióxido de carbono pode ser parcialmente atribuída a um forte padrão climático El Niño no ano passado. No entanto, esse fenômeno destaca apenas uma tendência existente: as emissões globais de carbono estão em ascensão, apesar da redução das emissões dos Estados Unidos e do abrandamento do crescimento das emissões globais.

A Terra está caminhando para quebrar um novo recorde de emissões de CO2 em 2024, superando o aumento recorde observado em 2016. Essa situação é alarmante, pois reflete os esforços fracassados na redução das emissões globais de gases de efeito estufa e os danos causados ao clima.

O contínuo e acelerado aumento de CO2 na atmosfera é um reflexo claro de que ainda estamos queimando mais combustíveis fósseis do que nunca. Os níveis de dióxido de carbono naturalmente oscilam ao longo do ano, atingindo o pico em abril e maio e declinando até agosto e setembro, conforme o ciclo de crescimento das plantas no hemisfério norte.

As emissões de dióxido de carbono em todo o mundo derivam principalmente da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais. Cerca de 86% das emissões globais são atribuídas a essa causa, enquanto o restante é resultado de mudanças no uso da terra, especialmente desmatamento e queimadas.

Apesar das metas ambiciosas estabelecidas pelo Acordo de Paris para reduzir as emissões até 2030 e atingir a neutralidade de emissões de CO2 até 2050, os dados atuais indicam que estamos longe de cumprir esses objetivos. Mais da metade das emissões de CO2 ocorreu nos últimos 30 anos, e o ritmo continua a acelerar.

As mudanças climáticas têm causado ondas de calor intensas em várias regiões do mundo, mesmo durante períodos de resfriamento global de curto prazo. No Brasil, os registros de ondas de calor aumentaram em 642% nos últimos 60 anos. Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que o número de ondas de calor subiu de 7 para 52 entre 1961 e 2020 em todo o território brasileiro.

Os dados apontam para um aumento gradual das anomalias de ondas de calor ao longo do período analisado em grande parte do Brasil, exceto em algumas regiões específicas.