Controle da disseminação da doença de Chagas através da edição genética
O bicho barbeiro é o vetor da doença de Chagas, tornando-se o principal alvo para controlar a propagação da condição. Além dos métodos tradicionais, como o uso de inseticidas e repelentes, os pesquisadores acreditam que a edição genética com a técnica CRISPR pode facilitar o combate ao inseto.
Jason Rasgon, coautor de um novo estudo, explica: “As pessoas têm tentado fazer CRISPR e engenharia genética em percevejos triatomíneos por muito tempo, mas ninguém conseguiu fazer porque os métodos tradicionais são muito difíceis nesses insetos.”
O estudo publicado no The CRISPR Journal
Em um novo estudo publicado na revista The CRISPR Journal, os cientistas demonstraram que é possível realizar alterações genéticas no vetor da doença de Chagas. Apesar das mudanças testadas não terem como objetivo o combate ao inseto, o estudo é um avanço na área.
Rasgon afirma: “Nossa tecnologia tem o potencial de tornar a edição de genes mais eficiente, mais fácil e mais barata em uma ampla gama de animais.”
Entendendo a pesquisa no The CRISPR Journal
Tradicionalmente, a edição genética é feita através de microinjeções de material CRISPR diretamente nos embriões. No entanto, os ovos do bicho barbeiro são difíceis de perfurar. Para contornar isso, os pesquisadores desenvolveram a Transdução de Ovário Mediada por Receptor de Carga ou ‘ReMOT Control, uma tecnologia que injeta o material diretamente no sistema circulatório da mãe e o direciona para os ovos em desenvolvimento.
No teste do método em bichos barbeiros, os pesquisadores tentaram alterar os genes associados à cor dos olhos e da cutícula. Após a injeção do CRISPR para as edições genéticas na fêmea do inseto, observaram que sua prole apresentava as alterações desejadas.
Avanços na ciência
Segundo os pesquisadores, este avanço permitirá que a comunidade científica discuta a edição genética com CRISPR para o controle da doença de Chagas e outros fins. Além disso, Rasgon menciona: “Isso tem importantes implicações para a pesquisa básica”, pois os bichos barbeiros são frequentemente utilizados como modelos para estudar a fisiologia dos insetos.
Portanto, esse novo método permitirá aos cientistas investigar questões biológicas fundamentais sobre esses animais e a transmissão de doenças.