Um artigo publicado recentemente no Journal of Controlled Release descreve o resultado de uma colaboração científica internacional que desenvolveu uma alternativa para o tratamento de tumores sólidos, através da inibição do microambiente tumoral inflamatório (TME).
Os tumores sólidos são geralmente os tipos de câncer mais difíceis de tratar devido à difícil penetração dos medicamentos. O TME, onde os tumores se encontram, contém várias células e substâncias próprias do paciente que dificultam as células de defesa de combater o tumor. Essas células e moléculas muitas vezes auxiliam no crescimento do tumor, permitindo que ele escape da vigilância do sistema imunológico.
Nesse sentido, uma equipe internacional desenvolveu nanomicelas quiméricas compostas por fosfolipídios, docetaxel (utilizado para destruir as células tumorais) e dexametasona (um anti-inflamatório). Estas partículas foram administradas a animais de laboratório por via intravenosa e mostraram-se eficazes ao reduzir o tamanho dos tumores e aumentar a sobrevida dos animais.
Essas nanomicelas mostraram uma diminuição superior a cinco vezes no volume do tumor em comparação com tumores não tratados. Além disso, elas alteraram as células próximas ao tumor, aumentaram a ação de leucócitos que eliminam células tumorais e inibiram a liberação da prostaglandina E2, uma substância inflamatória que prejudica a ação das células de defesa.
Os resultados dos estudos feitos em animais são considerados promissores e abrem possibilidades para estudos em humanos, uma vez que as partículas são compostas por substâncias já aprovadas para uso humano. Dessa forma, abre-se um caminho para novas pesquisas na área, com potenciais benefícios clínicos.