Cientistas Brasileiros Querem Usar Crispr Para Evitar Avanço Da Doença De Chagas

O inseto conhecido como bicho barbeiro é o vetor da doença de Chagas e tem sido o principal alvo para controlar a disseminação da condição. Além dos métodos tradicionais, como o uso de inseticidas e repelentes, pesquisadores acreditam que a edição genética com o método CRISPR pode facilitar o combate ao inseto.

Uma equipe de cientistas do INCT-EM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular) dedicou anos buscando maneiras de fazer alterações genéticas no vetor da doença de Chagas e, ao que tudo indica, conseguiram fazê-lo.

Em um novo estudo publicado na revista The CRISPR Journal, os pesquisadores demonstraram que é possível fazer alterações genéticas no vetor da doença de Chagas, mesmo que as mudanças testadas não tenham o objetivo imediato de combate ao inseto.

Os cientistas brasileiros se dedicaram a identificar genes que, quando alterados, causam mudanças visuais notáveis no inseto, como olhos vermelhos ou brancos em vez de pretos. Esse processo foi publicado em diversos artigos ao longo dos anos da pesquisa, até que encontraram a resposta.

Jason Rasgon, da Universidade da Pensilvânia, colaborou com a equipe brasileira, fornecendo uma ferramenta chamada Transdução de Ovário Mediada por Receptor de Carga (ReMOT Control). Essa ferramenta possibilitou a injeção dos materiais diretamente no sistema circulatório da mãe do inseto, permitindo alterações genéticas desejadas na prole.

Com o avanço dessa técnica, a comunidade científica já discute a possibilidade de utilizar a edição genética com CRISPR para o controle da doença de Chagas, considerando que o Rhodnius prolixus é um modelo para várias espécies de bicho barbeiro que se infectam com o Trypanosoma cruzi, protozoário responsável pela doença.