Chuva e tragédia no Sul e seca no Sudeste: o bloqueio atmosférico em questão

Desde o final de abril, diferentes regiões do Brasil estão enfrentando condições climáticas extremas e opostas. Enquanto o Sul, em especial o Rio Grande do Sul, está sofrendo com altos níveis de chuva e inundações em mais de 300 municípios, as regiões Sudeste e Centro-Oeste estão passando por uma onda de calor prolongada, resultando em baixa umidade do ar. O Climatempo aponta que esses dois problemas têm uma explicação comum: o bloqueio atmosférico persistente.

O bloqueio atmosférico é um sistema de alta pressão que se forma na troposfera, impedindo a movimentação ascendente do ar e, consequentemente, a formação de nuvens e chuva. Isso tem causado temperaturas mais altas do que o normal para a estação de outono, como por exemplo em São Paulo, onde os termômetros atingiram 32°C, quebrando recordes históricos de maio.

Por outro lado, o bloqueio atmosférico também tem impedido que as chuvas que atingem a região Sul consigam avançar para outras áreas do país. Isso ocorre devido a uma interrupção nos Jatos de Altos Níveis, responsáveis pelo deslocamento de frentes frias e demais sistemas meteorológicos.

Os bloqueios atmosféricos são mais comuns durante os meses de outono, inverno e primavera na América do Sul, sendo resultado de ondas planetárias que afetam as correntes de fluidos. O físico Paulo Artaxo destaca que, além dos bloqueios atmosféricos, as mudanças climáticas têm intensificado e aumentado a frequência de eventos climáticos extremos no país, como secas, ondas de calor e inundações.

Segundo a Climatempo, a situação atual deve se prolongar até meados de maio, com dias ensolarados e calor acima da média em grande parte do Centro-Oeste e Sudeste brasileiro. Contudo, a previsão aponta para a chegada de um ciclone extratropical na região Sul, trazendo chuvas volumosas e ventos fortes para o Rio Grande do Sul, exigindo atenção da população para possíveis áreas de risco.