Imagine um telefone celular que tenha uma bateria duradoura por anos e não precise ser recarregado na tomada. Ou um drone capaz de voar continuamente sobre a Amazônia, registrando problemas como desmatamento e mineração ilegal. Essas situações podem se tornar reais com o início da produção comercial de novos sistemas de armazenamento de energia, que utilizam material radioativo para gerar eletricidade ininterruptamente por muitas décadas.
Uma dessas inovações foi desenvolvida pela startup chinesa Betavolt, que criou uma bateria nuclear capaz de gerar energia por 50 anos sem a necessidade de recarga. Este dispositivo opera a partir da conversão da energia liberada pelo decaimento de isótopos radioativos de níquel (Ni-63). Com 100 microwatts (µW) de potência e 3 volts (V) de tensão elétrica, é um projeto-piloto que será aprimorado pela empresa para lançar no mercado em 2025 uma versão mais potente.
No Brasil, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) apresentou um protótipo de uma bateria nuclear termelétrica. Esta bateria opera gerando corrente elétrica a partir da conversão do calor gerado pela desintegração de um isótopo de amerício (Am-241). A estimativa é que essa bateria possa durar mais de 200 anos, com uma tensão elétrica inicial de 20 milivolts (mV).
A tecnologia de baterias nucleares é importante devido à sua capacidade de fornecer energia por longos períodos. No entanto, é necessário garantir a segurança desses dispositivos, evitando vazamentos do material radioativo. Apesar dos desafios, essas baterias têm potencial para competir com outras tecnologias avançadas, como as baterias de lítio e níquel-cobalto-manganês.
Pesquisas futuras visam aprimorar essas tecnologias e garantir um uso seguro e eficiente das baterias nucleares em diversos contextos, como em aplicações remotas e em dispositivos de difícil acesso.