Cápsulas De Papelão Com Sementes De Árvores Nativas Podem Auxiliar Na Restauração Ecológica Do Cerrado

O emprego de cápsulas biodegradáveis feitas de papelão aumenta as possibilidades de germinação das sementes de três espécies de árvores típicas do Cerrado: baru, angico-branco e tamboril. Essa descoberta, divulgada em artigo da revista “Ciência Rural” por pesquisadores das universidades federais de Jataí, em Goiás, e de Rondonópolis, no Mato Grosso, pode trazer avanços para programas de restauração de áreas degradadas.

Essas espécies possuem relevância cultural, alimentar e ecológica no bioma do Cerrado. O baru gera a castanha de baru, rica em nutrientes; enquanto o angico-branco e o tamboril possuem partes utilizadas em preparos terapêuticos, como infusões.

Os experimentos foram realizados em uma estufa do Centro Universitário de Mineiros, em Goiânia, ao longo de quatro meses, com o intuito de comparar o uso de cápsulas com a semeadura direta. Em cada amostra, foram colocadas duas sementes de cada espécie. Os resultados revelaram que a taxa de germinação com as cápsulas foi superior, aproximando-se de 100% para o baru, 42% para o angico-branco e 12% para o tamboril, em comparação com as taxas mais baixas da semeadura direta.

As cápsulas, feitas de papelão, oferecem proteção às sementes no solo contra animais herbívoros, além de favorecer a retenção de umidade, proporcionando um ambiente mais propício para o desenvolvimento das sementes. A pesquisadora Karine Lopes destaca que essa tecnologia de baixo custo pode impactar positivamente os esforços de restauração de áreas degradadas.

A pesquisa também inova ao combinar o uso de cápsulas biodegradáveis com a tecnologia de drones para monitorar a recuperação ambiental. Essa abordagem surge como uma solução sustentável e pioneira para a restauração ecológica, segundo Lopes.

Os próximos passos dos pesquisadores incluem avaliar o crescimento e a sobrevivência das plantas em campo, analisar os custos financeiros envolvidos e implementar a metodologia em áreas de difícil acesso. A pesquisadora destaca a importância de ajustar e aprimorar a aplicação da tecnologia em diferentes cenários para garantir sua eficácia.