Os sensores de imagem são peças fundamentais em câmeras digitais. Embora a tecnologia tenha revolucionado a captura de fotos, há alguns obstáculos que dificultam o funcionamento de determinados recursos. Em dispositivos de rastreamento ocular, por exemplo, o sensor bloqueia a visão do usuário enquanto analisa a retina.
Para solucionar esse problema, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona, na Espanha, desenvolveu sensores de imagem transparentes, capazes de tornar as câmeras praticamente invisíveis.
De acordo com o líder do projeto, o engenheiro Gabriel Mercier, esses sensores possibilitam a criação de uma nova geração de dispositivos de rastreamento ocular. É viável incorporar o componente em itens do cotidiano, como lentes de óculos, monitores de computador e até mesmo janelas.
A proposta é usar essa tecnologia para ampliar as possibilidades não apenas no rastreamento ocular, mas também para inovações em realidades aumentada e virtual. Em uma entrevista à “Discover Magazine”, Mercier explicou que o rastreamento ocular tem diversas aplicações, como detecção de esquizofrenia, medição da compreensão de textos e experiência de dirigir, trazendo uma melhor compreensão da memória e das decisões de compra. Além disso, o rastreamento ocular contribui para a criação de uma interface humano-computador, permitindo o controle de sistemas de infoentretenimento automotivo sem toque ou gestos, e é fundamental para a disseminação das realidades virtual e aumentada.
Nos sensores transparentes, a transparência está nos pixels, que contam com estruturas fotodetectoras formadas por pontos quânticos à base de grafeno. Esses pixels possuem uma camada de grafeno coberta por pontos de sulfeto de chumbo, os quais, ao serem atingidos por fótons, emitem elétrons que percorrem a folha de grafeno. A transparência ocorre porque a maior parte da luz passa através do grafeno, e os pontos de sulfeto de chumbo são muito pequenos para serem vistos a olho nu. Além disso, os pixels de grafeno geram uma corrente de elétrons considerável, permitindo a transmissão da luz por distâncias mais longas.
Devido às propriedades únicas dos materiais, os pixels transparentes conseguem funcionar em objetos sem precisar de uma estrutura amplificadora. Assim, é possível criar óculos com lentes dotadas de sensores na frente dos olhos, sem obstruir a visão.