Desde o final de abril, as intensas precipitações que afetam o Rio Grande do Sul já impactaram 417 dos 497 municípios do estado, de acordo com o mais recente balanço divulgado pela Defesa Civil. Além das vidas perdidas, das pessoas desalojadas e desabrigadas e dos centros urbanos a serem reconstruídos, a tragédia também pode ter repercussões no preço dos alimentos em todo o Brasil. O clássico prato de arroz com feijão pode ser afetado.
Em resumo, o Rio Grande do Sul é um dos principais produtores agropecuários do Brasil e o arroz é uma de suas principais culturas, componente essencial na alimentação da população. O estado é responsável por quase 70% da produção nacional de arroz.
Grande parte da produção está concentrada na região central do estado, principalmente nas cidades de Soledade, Santa Maria e Lajeado. No entanto, essas áreas foram fortemente atingidas pelas chuvas.
Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro que mais produziu arroz em 2022, com uma safra de 7.671.078 toneladas. Grande parte da produção já havia sido colhida antes das enchentes deste ano, mas ainda restava cerca de um quinto por colher.
Apesar disso, parte da colheita pode ter sido perdida devido às enchentes. Muitos estoques de arroz estão nos armazéns e não se sabe se esses locais foram afetados pelas águas. Além disso, há desafios logísticos relacionados ao transporte.
Adicionalmente, a redução da produtividade causada pelas chuvas pode impactar os preços do arroz a curto prazo. Dessa forma, é provável que o produto sofra um aumento de preço em nível nacional.
Além do arroz, o Rio Grande do Sul também desempenha um papel significativo na produção nacional de milho, soja e carnes de frango e suína. Alguns frigoríficos precisaram interromper as atividades devido às enchentes. Além disso, o valor da soja na Bolsa de Chicago já foi influenciado pela expectativa de redução da safra gaúcha.
Outros alimentos produzidos no estado também podem ter sua distribuição prejudicada, uma vez que há várias estradas bloqueadas. Além disso, o único porto ainda em operação no Rio Grande do Sul está em alerta devido ao aumento do nível da água na região.