Butantan Publica Estudo de Fase 3 da Vacina da Chikungunya Proteção Chegou a 100% em Adolescentes

O estudo clínico está sendo realizado pelo Butantan desde 2022 com 750 adolescentes de 12 a 17 anos que vivem em áreas endêmicas, ou seja, onde o vírus circula bastante. Jovens das cidades de São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR) participaram do estudo.

A avaliação da imunogenicidade (produção de anticorpos) foi feita no 28º dia após a aplicação da vacina ou placebo – de acordo com informações divulgadas em maio deste ano, a proteção permaneceu em 99,1% dos participantes após seis meses da imunização.

A pesquisa publicada concluiu que o produto tem um bom perfil de segurança. A maioria dos eventos adversos (93%) no primeiro mês foi leve ou moderada, sendo os mais relatados dor de cabeça, dor no corpo, fadiga e febre.

Resultados semelhantes foram observados no estudo anterior de fase 3, conduzido pela Valneva nos Estados Unidos, onde 98,9% dos voluntários produziram anticorpos. Foram 4 mil participantes adultos e idosos de 18 a 65 anos, que mantiveram a proteção por pelo menos seis meses de acompanhamento.

Os dados americanos resultaram na aprovação da vacina pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos em novembro de 2023. No mesmo período, o Butantan submeteu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o pedido de registro definitivo para uso do imunizante no Brasil, que está sendo avaliado em conjunto com a agência europeia, a European Medicines Agency (EMA).

Sobre a chikungunya:

A chikungunya é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O vírus entra na corrente sanguínea e afeta a membrana das articulações, causando dores intensas, febre (acima de 38,5°C), dor de cabeça, dor muscular e manchas vermelhas no corpo.

A principal sequela da doença é a dor crônica nas articulações, que pode durar anos e prejudicar gravemente a qualidade de vida dos pacientes. Complicações sérias podem ocorrer em recém-nascidos infectados durante o parto e em idosos com comorbidades.

Os primeiros casos de chikungunya no Brasil surgiram em 2014, mas a doença foi identificada em 1952 na Tanzânia: seu nome vem do idioma Makonde, de acordo com a OMS, e significa “aqueles que se dobram”, em referência à postura das pessoas infectadas com dor nas articulações.