Brasileiras Criam Método Para Retardar Amadurecimento de Frutas

Quem nunca passou pela situação de perder uma fruta, verdura ou legume na geladeira, que acabou estragando e indo para o lixo? Ou até mesmo deixou de comprar um alimento por causa de alguma imperfeição no mercado? Para evitar o desperdício de frutas suculentas, ricas em nutrientes como vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, pesquisadoras brasileiras desenvolveram um método barato e altamente eficaz para retardar o amadurecimento desses alimentos.

Essa iniciativa se torna ainda mais importante diante do cenário apontado no novo Relatório Diagnóstico sobre a Fome e o Desperdício de Alimentos no Brasil, que revela que mais de 45 milhões de toneladas de frutas, hortaliças e tubérculos são desperdiçados anualmente no país, seja por imperfeições ou por estarem muito maduras.

A causa da aparência ruim nas frutas está relacionada ao etileno, um hormônio gasoso que acelera o processo de amadurecimento ao estimular enzimas. Esse fator reduz o tempo de consumo dos alimentos, principalmente frutas suculentas como o mamão, que duram apenas de dois a três dias sob refrigeração.

O método desenvolvido pelas pesquisadoras utiliza nanopartículas poliméricas biodegradáveis e biocompatíveis, contendo um doador de óxido nítrico, que juntas inibem a ação do etileno, reduzem o estresse oxidativo nas células das frutas e atuam como regulador do processo de amadurecimento. Essas nanopartículas podem ser aplicadas após a colheita, por pulverização ou imersão dos alimentos em um líquido com o composto, aumentando a durabilidade dos frutos, reduzindo o amolecimento e evitando a perda de massa.

A pesquisa foi realizada pelo INCT NanoAgro (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável) e tem como objetivo reduzir os prejuízos financeiros dos produtores com possíveis perdas durante o transporte e a comercialização, além de potencializar o comércio internacional de frutas suculentas. Participaram do estudo a cientista Joana Pieretti, da UFABC, a Profª. Dra. Amedea Seabra, da UFABC, e Julia Veiga, do Instituto Agronômico da Unesp, orientada pela Drª. Ilana Bron e co-orientada pela Profª. Dra. Neidiquele Silveira.