Borboleta amazônica surgiu do cruzamento entre duas espécies de borboletas

Um grupo de pesquisadores de vários países descobriu que a borboleta Heliconius elevatus, que vive na região da Amazônia, é uma espécie de origem híbrida. Esse achado, divulgado recentemente na revista Nature, confirma uma antiga suspeita de que algumas espécies de borboletas surgiram a partir da mistura entre outras.

A Heliconius elevatus, descoberta em 1901, é resultado do cruzamento entre duas outras espécies do mesmo gênero, H. pardalinus e H. melpomene. Essa hibridização ocorreu há aproximadamente 180 mil anos, conforme as análises genéticas indicaram. As três espécies estão presentes em diferentes regiões da floresta amazônica.

Geralmente, o cruzamento entre espécies geneticamente próximas acontece na natureza, porém, raramente resulta em descendentes férteis que se mantêm por várias gerações. A tendência é que o material genético da nova espécie se dilua ao longo das gerações, quando cruzam novamente com uma ou ambas as populações parentais. No entanto, a Heliconius elevatus conseguiu manter sua existência como espécie ao longo dos milênios, preservando características únicas.

Mesmo com a pequena contribuição genética de H. melpomene, que corresponde a apenas 1% do DNA das atuais borboletas H. elevatus, essa porção impacta diretamente na aparência, conferindo desenhos e cores específicas nas asas que são semelhantes aos padrões genéticos dessa espécie parental. Isso ajuda a afastar aves predadoras, garantindo a sobrevivência da espécie.

Além das análises genéticas, os pesquisadores estudaram o comportamento, o formato das asas e a interação com as plantas alimentares das lagartas para distinguir as espécies. A confirmação da hibridização, sustentada pela genética, vem ao encontro de antigas suspeitas levantadas por especialistas nesse tipo de borboleta.

Essa descoberta faz parte de um projeto mais amplo que busca compreender diferentes aspectos das borboletas do gênero Heliconius, incluindo sua distribuição genética e geográfica. Os dados foram coletados durante uma expedição à Amazônia, que percorreu cerca de 900 quilômetros entre Manaus e Boa Vista. As informações obtidas continuam gerando resultados e artigos sobre essas espécies de borboletas.